Neste pais à beira-mar plantado, onde o bacalhau é rei e os programas de comentário político são superiores as reportagens sobre os problemas que afetam a população, perspetivava-se mais uma eleição. O povo, calejado por sucessivas desilusões, preparava-se para voltar a escolher entre o caos conhecido e a esperança temperada com vinagre. Os principais candidatos reuniram-se num estúdio de TV com um cenário tão neutro quanto possível. Pedro Nuno Santos, o antigo maquinista rebelde da esquerda, entrou com um brilho nos olhos de quem já caiu do cavalo e ainda assim voltou para pegar nas rédeas. Trazia ideias, entusiasmo e o cabelo ligeiramente despenteado, típico de quem passou a noite a desenhar soluções para os problemas do país que todos prometem resolver... mas só depois das legislativas. Olhou para a câmara e disse: “Eu não venho aqui prometer o céu, mas quero acabar com o inferno atual de muitas pessoas.” Luís Montenegro, o candidato que parecia refém de um guião, seguro com...
Para arquivar e tornar acessível os meus artigos de opinião na imprensa. Periodicidade: quinzenal (pelo menos tento!)