Não sei se é por
estar mais velho ou por ser pai de dois pequenos meninos, um com 3 anos e outro
com 7 meses, mas a verdade é que as imagens de guerra, destruição e de
sofrimento humanos, sobretudo de crianças, como no recente bombardeamento com
armas químicas na Síria, é algo que me sensibiliza e choca de uma forma muito
mais forte que no passado. Refiro-me às perturbantes imagens que os media apresentam,
num misto de sensacionalismo para audiência e de frontalidade nua e crua, para
nos fazer acordar e dar a devida atenção para o problema e sofrimento humano.
Passada a
tristeza e revolta da emoção, invade-nos a dúvida sobre o que podemos fazer,
mas na maioria das vezes acabamos num beco sem saída e com um sentimento de
frustração. Posteriormente, como se fosse um escape, somos tomados por uma
sensação de alívio egoísta e de satisfação pela sorte que temos, sobretudo os
nossos filhos, de viver neste pequeno paraíso de segurança e qualidade de vida.
Por vivermos num local sem guerra, sem necessidade de fugir para salvar a vida,
sem fome extrema, sem receio de entrar num transporte público ou num grande
aglomerado de pessoas e pensar num possível atentado terrorista.
Por vivermos num
local em que, para a grande maioria das pessoas, os maiores problemas são um
avião que atrasou ou desviou para outro destino, uma consulta que foi
desmarcada, o filho que está novamente doente com mais uma apanhada na creche,
as maleitas da saúde que nos atingem com o avançar da idade, o trabalho ou o
salário que não era bem aquilo que desejaríamos ou o dinheiro que não chega
para comprar tudo aquilo que queríamos.
Bem sei que com
o mal dos outros podemos todos bem, mas em determinadas alturas da vida temos a
capacidade de ver as coisas de outra maneira e pôr tudo em perspetiva. Não
quero com isto dizer que está tudo bem ou que não devemos reivindicar por mais e
melhor, porque também o faço, mas há que perceber o que é mais importante e
sobretudo fazê-lo com a devida argumentação, isenção, discernimento e educação.
Apesar das
salutares divergências de opinião, como qualquer pessoa, desejo o melhor para a
minha terra e para os meus. Sendo que ambas estão interligadas, porque é aqui
que decidi viver, constituir família e criar os meus filhos. Mas se há algo que
me intriga é a constante maledicência, descontentamento e bota-abaixo por tudo
o que aqui se faça. Parece que para algumas pessoas nunca nada está bem. Sei
que este é um fado muito português, e que nem tudo o que se faz é o desejado ou
atinge os resultados pretendidos, mas cheguei ao ponto de ter reparado, em
conversas que tenho com pessoas de outras ilhas, que já somos conhecidos nos
Açores por isso mesmo. Já começo a pensar se será mesmo verdade. Existirá razão
de ser para tal, ou se será apenas uma consequência da exteriorização constante
de uma minoria, sobretudo nas redes sociais e na comunicação social. E digo isto
porque tais comentários não vêm de um único quadrante político, nem só de ilhas
de maior dimensão, mas até de outras que supostamente tinham tudo para ter maiores
razões de queixa, devido ao seu isolamento, falta de infraestruturas e
dimensão.
Recentemente,
num grupo de pessoas, o tema da conversa, monopolizado por uma delas num tom
agressivo e de difamação, era a falta de obra no Faial. Ao ver que a maioria
aparentemente concordava, entrei na conversa e retorqui com o seguinte: O meu
filho, se estivesse aqui, não concordaria consigo. Quando nos deslocamos para
casa, para a creche, para casa de familiares, parque infantil, hipermercado,
etc., o que ele está constantemente a dizer pelo caminho é “Olha pai, é a
obra!”. No meio de alguns risos e acenos de cabeça, lá consegui que a dita
pessoa mudasse de postura.
Aproveito para desejar a todos uma Feliz Páscoa.
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