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O Trail Running no Faial

Apesar de seguir com interesse tudo o que está relacionado com o Azores Trail Run (ATR) e publicitar o mesmo nas redes sociais e sobretudo a diversos amigos no exterior, a verdade é que nunca participei no evento e poucas vezes assisti ao vivo. Também ainda não tive a oportunidade de ajudar no terreno, como voluntário, algo que tenciono fazer. Por isso a minha opinião é de um “outsider”, que segue com atenção toda esta temática e o seu impacto na nossa ilha. 

É de elementar justiça reconhecer que é já um dos mais importantes eventos da ilha do Faial, com uma projeção cada vez maior e com um impacto considerável na nossa economia. Como é também de elementar justiça homenagear todos os seus mentores e quem trabalha no evento, e faço-o na figura do Mário Leal, já apelidado como o “pai do trail” e toda a sua equipa, bem como o trabalho desenvolvido pelo Parque Natural do Faial, na figura do João Melo. 

O caminho para o nosso turismo deve passar por este segmento de mercado, da ligação com a natureza ativa e não pelo turismo de massas, mais associado ao sol e praia e ao ”low cost”. Acresce que este segmento é um trunfo fundamental para combater o imenso desafio da sazonalidade com que nos debatemos e é imune às mudanças bruscas com que o nosso clima nos brinda. 

Parece-me óbvio que para os (cada vez mais) amantes da modalidade, o ATR no Faial já é uma referência, algo que muitos ambicionam participar, e os números já falam por si. Não só temos cada vez mais pessoas da terra inscritas na prova, o que por si só já é positivo em termos de saúde e bem-estar da população, como não deixa de ser extraordinário verificar que dos 700 participantes, a maioria é de fora da Região, contabilizando 23 nacionalidades diferentes nesta última edição. Ora se pensarmos que estamos a falar do mês de maio e não dos 3 meses mais fortes do turismo, e que a maioria dos participantes traz consigo acompanhante(s), estamos a falar de um número apreciável de visitantes, com impacto considerável nas empresas relacionados com o turismo, particularmente hotelaria, restauração, souvenirs e transportes. 

Outro aspeto interessante é a relação da prova à nossa cultura, ao nosso passado, bem como a vertente ambiental e a ligação à natureza (o ex-líbris dos Açores), associando também a vertente social e a capacidade que tem de unir um número considerável de Faialenses no apoio a este evento e no sentir o mesmo como seu. É emocionante ver a mobilização na ilha em torno do evento, seja de noite ou de dia, ao sol ou à chuva, ao calor ou ao frio. É também extraordinário verificar o impacto de todo o registo fotográfico e vídeo que é realizado, que proporciona não só uma perfeita recordação para quem participa como é um excelente meio de divulgação ao dispor de todos os participantes e amigos nas redes sociais. O que é sem dúvida o melhor marketing que se podia ter, direcionado e com um alcance tremendo, para o evento, para a ilha do Faial e para os Açores.

É visível a satisfação de quem nos visita e enche-nos de orgulho ver as fotos, ler as reportagens, as publicações nas redes sociais e os comentários dos participantes sobre o que experienciaram na nossa ilha e no ATR, bem como, o que dizem aqueles que, deslumbrados, pretendem cá vir. 

Como é normal nestas coisas, sobretudo em meios ultraperiféricos e sem economia de escala, os apoios públicos são fundamentais para fazer acontecer. Em boa hora o Governo Regional e a Câmara Municipal apostaram neste evento. Parece-me que chegou a hora de dar o passo para outro patamar, com mais apoios, é certo, mas com maior abrangência do sector privado, que acaba por ser o principal beneficiado com este evento. A tudo isto acresce a necessidade da melhoria das acessibilidades à ilha do Faial.

Saibamos pois continuar nesta senda, salvaguardando, sempre, a “galinha dos ovos de ouro”, a esplendorosa natureza com que fomos brindados.

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