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A ascensão de Centeno e a despedida de Zé Pedro

1 - À data que escrevo este artigo ainda não é conhecida a votação para presidente do Eurogrupo, mas é por todos esperada a vitória de Mário Centeno, ministro das finanças de Portugal, o tal que foi apelidado pelo ministro alemão Wolfgang Schäuble, como o Ronaldo do Eurogrupo. A confirmar-se, será o corolário do excecional desempenho de Centeno nas suas funções, obtendo os melhores resultados de sempre de um Ministro das Finanças nos últimos 40 anos, ao qual acresce todo o trabalho realizado por António Costa na obtenção de apoios nas principais economias da Europa. 
Mário Centeno é responsável por ter destruído o mito de que para conseguir contas equilibradas era necessário sacrificar a economia, o emprego e o bem-estar dos portugueses. O Ministro que colocou em prática o ideal de António Costa de que havia alternativa às políticas “austeritárias” com que a direita enfrentou a crise do euro. Mas porque recordar é viver, convém relembrar que este é o mesmo Ministro que PSD e CDS queriam ver demitido há 1 ano atrás, explorando até ao tutano a “polémica dos SMS´s” da Caixa Geral Depósitos. Convém também recordar que em Abril deste ano, quando confrontado com a possibilidade de Centeno presidir ao Eurogrupo, Marques Mendes classificava a possibilidade, no seu espaço de comentário na SIC, como “uma partidinha do dia das mentiras”. Este é o mesmo Ministro que foi descredibilizado por políticos e economistas da direita, que previam uma hecatombe económica, chegando mesmo a ser ridicularizado, como fez Passos Coelho, que riu durante grande parte da sua primeira intervenção como Ministro das Finanças.

A confirmar-se a vitória de Centeno, esta representa a derrota final de todo o discurso político do PSD e CDS dos últimos anos. 

Um dos principais trunfos de Mário Centeno não é mais que a imagem de marca do atual Governo, a capacidade de gerar consensos, aqueles que conseguiu internamente e os que pretende agora alcançar na Europa. 

Para além do prestígio que tal nomeação pode vir a representar, para o próprio, para o governo e para o País, o importante será que consiga transportar esta “alternativa” vivenciada em Portugal para o seio do Eurogrupo, porque como alguém já disse, “quando não há alternativas, não há democracia”. 

2 – Zé Pedro, guitarrista e fundador dos Xutos & Pontapés, uma das figuras mais carismáticas e queridas da música portuguesa, faleceu no dia 30 de Novembro, aos 61 anos. 

Zé Pedro, como guitarrista roçava o trivial, mas compensava com todo o seu sublime carisma, inigualável no nosso panorama musical. Zé Pedro era um ícone do rock´n´roll português, não só como o guitarrista dos Xutos & Pontapés, mas sobretudo como a alma da principal banda de rock de Portugal. A aparência que tinha, de “gajo porreiro”, sempre com um sorriso nos lábios e de bem com todos e com a vida, foi confirmado nestes últimos dias, não só por todos os quantos que com ele conviviam mais de perto, como por todos aqueles que em alguma fase da sua vida privaram com ele, nem que seja por breves momentos. 

Não sendo aquilo que se considera como um grande fã de Xutos, aprecio muitas das suas músicas, sobretudo as mais antigas, que todos sabemos de cor, e que são autênticos hinos de Portugal (ou não tivesse sido ao som dos Xutos que se comemorou o campeonato europeu de futebol em França e um pouco por todo o mundo lusófono). Já assisti a uma dezena de concertos dos Xutos, concertos esses que eram sempre garantia de enchente e momentos bem passados, com uma abrangência geracional surpreendente, fruto das quase 4 décadas da banda. 

Faz-me alguma confusão pensar que o Zé Pedro já não vai lá estar a interagir com o público, que poderei nunca mais vê-los ao vivo, da mesma maneira que não imagino uma Semana Académica ou Queima das Fitas sem um concerto dos Xutos & Pontapés, que invariavelmente acabavam o concerto com um “Malta, até para o ano!” 



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