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Autárquicas de corpo e alma

Falta 1 mês para as eleições autárquicas. Já são conhecidas as equipas das forças políticas que vão a votos no Faial. Equipas essas que nos lugares elegíveis são constituídas por pessoas competentes e conhecidas da maioria, com especial ênfase para as duas que são candidatas à vitória. As propostas vão aparecendo, a maioria quase idênticas e sem nada de muito surpreendente. Prevêem-se umas eleições fortemente disputadas entre a atual governação autárquica e a coligação de direita de PSD/CDS/PPM. Para o desfecho final muito vai contribuir a prestação dos restantes partidos de oposição, com especial destaque para a CDU e a estreia do grupo de cidadãos SOMOS FAIAL, nomeadamente a sua capacidade de angariar votos e o seu impacto no eleitorado dos principais candidatos.
Centremo-nos naqueles que podem ser os vencedores, José Leonado com o PS ou Carlos Ferreira com a Coligação de Direita.
O candidato José Leonardo tem o “peso” e o desgaste dos anos de governação, mas tem obra feita (mesmo com percalços de empreiteiros), experiência e contas certas e pagas a tempo e horas aos fornecedores.
Foi posto à prova em momentos difíceis como o furação Lorenzo e esta pandemia sem precedentes nas nossas vidas e parece-me consensual afirmar que esteve à altura dos acontecimentos. Tem também conseguido atrair investimento, como é por exemplo o caso dos 2 hotéis de 5 estrelas para o Faial, no largo do Bispo e no quartel do Carmo. 
Apresenta uma equipa capaz e muito experiente. Pela negativa os contratempos com algumas obras. Causa-me alguma impressão a existência de apenas uma cabeça de lista do sexo feminino nos diferentes órgãos autárquicos, bem como o facto de alguns nomes em destaque nos últimos anos, aparecerem agora em lugares secundários. Em contraponto, é de realçar a atitude do atual vereador Filipe Menezes, que sai da lista da Câmara para candidato à freguesia das Angústias, isto quando o normal é vermos o processo inverso.
No que toca a Carlos Ferreira, a sua principal vantagem está associada à mudança e ao papel reivindicativo que teve enquanto deputado da oposição. Papel esse que esfriou acentuadamente a partir do momento que o seu partido passou para o Governo. Senão vejamos alguns dos muitos exemplos:
Antes referia que o governo regional devia “liderar” a ampliação da pista do Aeroporto da Horta, agora refere que deve ser “parceiro” do processo. Antes queria ver aprovado no orçamento regional verba para ampliação da pista e agora aprova e aplaude um orçamento sem uma única referência ao Aeroporto da Horta. 
Antes deveríamos ter o mesmo número de voos para o exterior que tínhamos no passado, agora podemos ter menos, por causa da pandemia, isto quando na vizinha ilha do Pico não só não teve os mesmos, como tem agora mais voos do que tinha antes da pandemia. 
Antes referia que a 2ª fase da variante já vinha tarde e devia avançar no orçamento de 2020, sem nunca referir um novo traçado, agora regozija-se com a decisão de adiar a sua execução, na melhor das hipóteses para 2023, isto quando finalmente já estavam assegurados os fundos e projeto para avançar em 2021.
Em relação à sua equipa, não está em causa a competência, mas sim a maneira que veem o seu papel caso vençam as eleições e até mesmo como oposição. Se vencerem, o candidato a vice-presidente já deu a entender que não pretende ocupar o cargo a tempo inteiro. Se for oposição provavelmente nem a meio tempo deve estar disponível! Aliás no que toca ao papel de oposição, o número de faltas de Carlos Ferreira e do candidato a vereador que se recandidata já deixaram claro o que nos espera.
A candidata a vereadora, no ano passado ia a comícios do PS-Faial e ajudava na campanha. O governo mudou e curiosamente é candidata pelo novo partido do Governo.
Julgo que para estes cargos devemo-nos entregar de corpo e alma e não na perspetiva do “logo se vê o que me calha, como fico ou se fico”.
É caso para os eleitores perguntarem: O que pretendem fazer se vencerem as eleições? E se as perderem?

(artigo publicado na edição de 27 de Agosto de 2021 do Tribuna das Ilhas) 

Comentários

  1. Muito bem escrito e explanado. Não concordo com tudo mas esteve bem a apontar algumas das principais falhas dos candidatos.

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  2. Percebe-se qual é o seu candidato mas aprecio que faça as coisas com elevação e não passando a ideia que um lado está tudo bem e o outro tudo mal, como é infelizmente a regra nestas coisas.
    Porque não tem um papel mais interventiva na politica para além da escrita?

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    1. Tenho um fascino pela atividade política mas nenhum perfil para político.
      Expor a minha opinião de um modo válido e sem medos (consciente das consequências) sem pertencer a nenhum partido ou lista a quaisquer eleições, julgo que também é uma forma importante de fazer política e ter um papel interventivo na sociedade onde estou inserido.

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  3. Tendo em conta tudo o que escreveu , vejo que só escreveu o bem do PS, a crítica à coligação está a vista de todos, pergunto eu se escreveu por conta própria ou foi contratado? Será que só o que está na Câmara não fez melhor Devido a pandemia em 2 anos quando o mandato era de 4? As obras nunca fecharam na pandemia... Oi estou errado.. Será que a sua análise foi bem estudada ou veio com o caderno de alguém? 2 pesos 2 medidas meu caro, mas parabéns pelo texto. Ta a vista

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    1. Adoraria ser contratado para escrever artigos de opinião, mas infelizmente não o sou. Meu caro, ideologicamente é com o campo político da esquerda que mais me identifico e sempre o assumi.  Obviamente que a minha maneira de ver o mundo afetam o que penso/escrevo, é assim com todos nós, mas não retira minha capacidade de discernimento.
      Não sou militante de nenhum partido nem nunca participei em qualquer lista, cargo político ou de nomeação. Aprecio, debato e comento política em diversos blogues e redes sociais há mais de 2 décadas e neste semanário já lá vão quase 5 anos. Bem sei que isso faz confusão a muita boa gente mas pergunto se o meu amigo pode dizer o mesmo.  É porque a regra de quem mais me critica enquadra-se no que referi. Normalmente vem sempre com a conversa da isenção ou dos 2 pesos e 2 medidas o que não deixa de ser irónico, logo seguido de um ataque pessoal.
      As minhas opiniões não passam disso mesmo e podem ser criticadas, de preferência com argumentos. Agora não me acuso é de não estudar, não argumentar adequadamente ou de escrever "do caderno de alguém".
      "Ataque" as ideias do artigo mas não precisa de atacar o seu autor, porque com isso apenas demonstra a sua (in)capacidade de argumentação.
      Além de mais é uma tremenda perda de tempo porque não me candidato a nada nem sou ninguém de relevante.

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    2. Já agora, em nenhum momento referi que a pandemia deve servir de desculpa para as falhas (que obviamente existem) da CMH.  Em todo o caso, obviamente que a pandemia teve impacto em tudo e todos.

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