A esperada remodelação do Governo viu a luz do dia.
Dia 6 de Abril o líder regional do
Chega ameaçava que o Governo acabou! Uma semana e meia depois o Governo é
remodelado no ponto alto de uma crise sísmico-vulcânica e quando já se fazem
sentir os fortes impactos na economia decorrentes da guerra.
Apesar de apenas 17 meses de governação,
a verdade é que a mudança tardava e já se justificava, tal o tamanho das
trapalhadas que têm vindo a público, bem como a inação e falta de perfil de
alguns membros do Governo. Não foi espanto para ninguém a saída dos 4 membros
em causa. De todos já tinha aqui dado exemplos de falhas graves, se bem que a
capitulação do Secretário da Finanças tem um peso político esclarecedor do tamanho
da confusão existente. E serve como confirmação de todas as trapalhadas e
atropelos que vieram a público nos processos das agendas mobilizadores, orçamentos
da Região, bem como do inconcebível atraso de medidas de apoio à economia. Foi
constrangedor ver as reportagens da comissão que foi criada para averiguar o
sucedido e os comentários contundentes de vários envolvidos no processo.
Por pressão dos partidos que apoiam,
mas não fazem parte do Governo, aproveitou-se para minimizar o facto
intolerável de termos o maior e mais caro Governo da história, custando mais 8
milhões por legislatura que o anterior. Mas nestas coisas o que parece é, e se foi
nítido que um governo maior só serviu para distribuir cargos pelos restantes partidos
da coligação, quando chegou o momento de reduzir, os parceiros de coligação
passaram pelos pingos da chuva, caindo a “fava” no mesmo do costume, o PSD.
O prémio da pasta das Finanças foi para
aquele que estava a ser um dos melhores secretários deste Governo, o Picaroto e
ex-líder do PSD, Duarte Freitas. Não que tenha feito algo de extraordinário,
mas no meio do cardápio dos membros do Governo, destacava-se por ter posto em
prática aquilo que era esperado e sobretudo ter apresentando uma ideia e um
plano para a Qualificação Profissional e Emprego.
A surpresa foi a entrada de mais uma ex-líder
do PSD para o Governo, Berta Cabral, ficando com as pastas do Turismo,
Mobilidade e Infraestruturas, assumindo ainda a área da Energia.
Percebe-se que o objetivo foi ter um
governo com mais experiência e prestígio político, mas com a estranha
particularidade de termos um líder e 2 ex-líderes do partido no mesmo governo
(inédito no País e quiçá na Europa), sendo que todos eles perderem nos votos
com Vasco Cordeiro. Um governo que à falta de novos quadros e ideias, recorre às
recordações e ideias do passado. Um governo com protagonistas que já tomaram as
rédeas e holofotes da governação, mas que também assim contribuem para ofuscar o
Presidente e a falta de liderança.
Não obstante o facto que não altera em
nada a instabilidade de estar dependente da persistente chantagem do Chega, nem
a fragilidade do apoio parlamentar da coligação minoritária. Protelando a incapacidade
de se focar no essencial para o nosso presente e futuro, centrado que está no
apagar de fogos de crises internas.
Talvez por isso o discernimento por
vezes falta, e ouvem-se determinados tiques de impaciência e despotismo como o
recente “Aceito que representantes
dos empresários alertem, não podem é criticar.”
Quem aparentemente sai prejudicado com
as mudanças é a Ilha do Faial, que por acaso foi a única ilha em que o PSD
ganhou eleições.
Já não nos bastava o “prémio” da saída do gabinete do Secretário da Agricultura, da extinção da AZORINA, da saída da Direção Regional das Comunidades e da Inspeção Regional do Turismo, como fomos agora brindados com a extinção da Secretaria Regional da Cultura e a saída de um Faialense do governo.
Ainda
sou do tempo em que isso era contribuir para o “esvaziamento do Faial”. Por
mais que se baralhe e volta a dar, há coisas que efetivamente tardam em mudar.
(artigo publicado no Tribuna das Ilhas na edição de 29/04/2022)
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