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Considerações sobre a Semana do Mar

Assistimos no passado sábado da Semana do Mar (SM), àquela que, muito provavelmente, foi a maior enchente de todas as 42 edições, bem como, a maior enchente de todas as Festas do Triângulo.
Na verdade, praticamente todos os anos temos enchentes, mas mais do que a maior, o que acho relevante foi ter tido uma semana sempre com muita afluência, inclusive nos dias úteis, ao que não será alheio o cartaz, a divulgação efetuada e a quantidade de turistas que nos visitam este ano. 

Provavelmente também tivemos um recorde de travessias no canal, tendo em conta as romarias pela avenida aquando da chegada desenfreada de barcos.

Imagino o que devem estar a pensar todos aqueles que nos jornais e redes sociais escrevem que a SM está "degradada", "desatualizada", "com falta de ambição" e "pouco atrativa".

Dirão alguns que o sucesso alcançado se deve exclusivamente às eleições que agora se aproximam. Se é verdade que existe uma maior atenção nestas alturas, em todos os municípios, de todo o país e cores partidárias, também é verdade que em anos de anteriores atos eleitorais, nunca tivemos uma semana tão preenchida como este ano. O que me leva a crer que a divulgação atempada em diversas frentes, bem como o recorde de turistas que os Açores estão a ter, tenham tido um papel importante. Também acho exagerado o facto de alguns referirem que, nos últimos 3 anos, os cartazes eram “muito fracos”, isto quando tivemos artistas como Dengaz, The Gift, Rita Guerra, HMB, Ana Moura, Richie Campbell, entre muitos outros. Todos eles presenças nos palcos principais de Rock in Rio, Super Bock Super Rock, Meo Sudoeste, Sol Caparica, etc. Já para não falar nos artistas de cariz mais popular, do conhecimento de todas as idades e que também atraem muita gente, como Emanuel, Herman José e Toy. 

Para além da principal e inquestionável vertente náutica, a Semana do Mar é e tem que permanecer um evento para a família e para todas as idades e gostos musicais. É essa também uma das suas imagens de marca que a distingue dos múltiplos festivais de verão nos Açores. Já assisti a muitas festividades em diversas ilhas e julgo até que é a festa com maior percentagem de carrinhos de bebé/criança por m2 que alguma vez presenciei. Assim, mais do que concertos pagos, os quais não sou contra, mas que penso que podem desvirtuar o espírito da SM (principalmente se obrigarem a uma mudança de local) e até porque já existem na Tenda Eletrónica entradas pagas (22€/semana) centradas num público mais jovem em que o objetivo é outro, julgo que seria importante um maior contributo dos principais beneficiários da SM, nomeadamente o sector privado ligado ao turismo (alojamento, restauração, rent-a-car, empresas de atividades turísticas, etc.). 

Outra alternativa, tendo em conta as nossas limitações e incapacidade de resposta para o aumento da procura no mês de Agosto, em que o alojamento, restauração, rent-a-car e voos estão praticamente lotados, seria a criação de uma taxa turística, por exemplo, de 1€/noite ou 1€/por desembarque (salvaguardando os residentes), nos meses de verão, como fonte de receita para a SM. Estou certo que nenhum turista deixará de nos visitar por pagar mais 1€ no preço da diária ou passagem. 

Uma coisa é certa, se a quantidade daqueles que nos visitam na SM continuar a aumentar, torna-se urgente o início das obras da Frente Mar (que já se encontram a concurso) e da criação da grande Praça do Mar que vai contemplar toda a zona da Avenida até às Finanças, com a passagem do trânsito automóvel para a rua de dentro, e respetiva abertura e ligação ampla para a Marina, onde terá assim todas as condições de ficar o palco principal. 

Associado a essa intervenção a renovação e ampliação de algumas infraestruturas, nomeadamente as tascas, e tornaremos ainda melhor aquele que já é o maior festival náutico do país, numa das mais belas baías do mundo, com um forte cartaz musical para todos os gostos e idades.

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