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O regresso da campanha

No início do mês de junho, escrevi sobre as autárquicas, fazendo um prognóstico de quais seriam os candidatados dos diferentes partidos e onde deixava subjacente uma crítica a quem pretendia seguir a estratégia de esquivar-se a apresentar propostas concretas para o município e, sobretudo, o que pensa fazer de diferente e como o pretende fazer. 

Tentando fazer o papel de Marques Mendes, acertei nas “previsões” de todos os cabeças de lista, bem como da coligação anunciada, o que na realidade não era difícil, para quem segue com atenção as movimentações políticas na nossa ilha. 

Acabei por acertar também no nome do 2º e 3º da lista de Carlos Ferreira. E só não tentei o 4º, porque estava na dúvida da motivação e do resultado da negociação entre CDS e PSD. 

Deixei na altura no ar duas perguntas que, no meu entender, poderiam indicar as predisposições dos diferentes intervenientes.

1º - Se José Leonardo manteria os seus atuais vereadores ou se necessitaria de mostrar alguma “frescura” para contrariar a tendência crescente dos adversários.

2º - Os lugares ocupados pelo CDS na então possível coligação, tendo em conta o resultado obtido nas legislativas

O curioso é que a resposta a ambas parece apontar numa única direção. O facto do CDS não ter um lugar que poderia assegurar um cargo de vereação em caso de vitória, nem ter o seu maior protagonista na lista à Câmara, poderá ser interpretado como um aparente descrédito na vitória de Carlos Ferreira, apostando o seu líder na Assembleia Municipal, onde passará a ter uma voz mais ativa. 

José Leonardo ao apresentar a mesma equipa (mesmo guardando a decisão até à última, quem sabe na expectativa de um “trunfo” na lista de Carlos Ferreira), mais do que um voto de confiança no seu grupo de trabalho, aparenta estar mais confiante com o resultado final, ficando por saber se tal reação foi consequência da última sondagem efetuada aos lares de muitos faialenses. 

À data que escrevo, a estratégia de José Leonardo e Carlos Ferreira continua praticamente na mesma. O primeiro mantém-se na senda de apresentação da obra feita com inaugurações e apresentação de projetos pelo meio, e o segundo mais preocupado em fazer render o seu trabalho de deputado na fiscalização das responsabilidades do Governo Regional. 

A principal novidade foi a apresentação das listas de todos os partidos e da primeira medida concreta de Carlos Ferreira no mês de Agosto, a atribuição de bolsas para alunos que pretendam estudar no Faial, associado a cursos a desenvolver pelo DOP. Não me vou pronunciar sobre a medida em si, mas para primeira proposta de um novo candidato que pretende ser alternativa ao que já existe, bem que poderia ter escolhido algo que já não tivesse sido anunciado e previsto pelo atual elenco camarário.

Dos 3 restantes partidos, BE, PCP e PAN, pouco mudou. Dos 2 primeiros praticamente só se conhecem os candidatos, ainda sem propostas concretas ou críticas ao executivo camarário, quem sabe a pensar na possibilidade de uma espécie de Gerigonça Faialense. Enquanto isso, no PAN é rara a semana que não tentam agitar as águas e apresentar propostas, que fugindo aos grandes temas, vão ao encontro do seu eleitorado. Ao que parece tem causado mossa na coligação PSD-CDS, tendo em conta os ataques que o seu líder tem sofrido, inclusive neste jornal, ao que não será alheio o seu passado político e o apoio de alguns simpatizantes do PSD na sua lista. 

Venha de lá essa campanha eleitoral, de preferência com propostas! 

29/08/2017

(artigo publicado no Tribuna das Ilhas no dia 01/09/2017

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