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Aeroporto da Horta III (Pistas e Aviões)


Chegado a este terceiro artigo, importa recordar algumas ideias. A taxa de ocupação da rota LIS-HOR-LIS em 2017 ronda os 74%. No Verão, apesar de um reforço exponencial de voos, em que temos meses que são realizados 55 voos diretos para Lisboa, obtemos uma taxa de ocupação de 93%, com vários dias esgotados. No inverno o número de voos é reduzido, com apenas 4 voos por semana, atingindo um mínimo de 15 voos diretos durante o mês de Fevereiro, com taxas de ocupação de 54%. Outro aspeto a ter em conta é o facto de a SATA só ter 3 aviões A320 para fazer as rotas do Faial e Pico, com a agravante de um dos aviões estar com problemas para este ano, o que obviamente irá provocar maiores constrangimentos se nada for feito até ao Verão. 

Mas como nem tudo são más noticias, passou despercebida a excelente notícia da entrada em vigor das cartas e procedimentos de aproximação por instrumentos designados RNP-AR, para a pista do Aeroporto da Horta. Mais conhecido como o projeto RISE, estes procedimentos agora certificados e autorizados, já permitem aos aviões da Azores Airlines e às suas tripulações certificadas, a realização de manobras de aproximação ao Aeroporto da Horta em situações de mais baixa visibilidade, mantendo todas as condições de segurança. Em consequência, será de esperar uma redução de cancelamentos de voos motivados por condições meteorológicas adversas. 

É sabido que a principal causa para os cancelamentos do Aeroporto da Horta tem sido sobretudo a baixa visibilidade, da mesma maneira que no Aeroporto do Pico é o vento sul e os ventos cruzados da montanha, situação essa que, ao contrário do Faial (com os ventos norte de cauda), não fica totalmente resolvida com o aumento da pista. 

No que toca a aumentos de pistas, não sei se é o meu lado mais pessimista ou por não ter que me esconder na capa do politicamente correto ou no tacticismo partidário, mas seja qual for o governo e os protagonistas, na República ou na Região, infelizmente, não prevejo aumentos em nenhuma das pistas no curto a médio prazo, pelo menos no comprimento pretendido nas petições apresentadas. Espero estar errado! Da mesma maneira que ponderando as vantagens e desvantagens de ambos os aeroportos, a fazer ou iniciar alguma, seria o da Horta a melhor opção. 

Mas já há muito tempo que me parece óbvio que a resolução a curto/médio prazo para os constrangimentos verificados nos Aeroportos dos 2 lados do canal, vão passar pelas melhorias efetuadas pelo RISE na Horta e pelo “grooving” na pista do Pico, e sobretudo pelas alterações nas obrigações do serviço público, podendo estar também associada à anunciada privatização de 49% do capital da Azores Airlines. 

E tudo isto com o objetivo de tentar colocar mais voos e mais companhias a voar para o Triângulo. Uma das hipóteses que vejo como possível é o regresso da TAP às ilhas do Faial e Pico. E que poderia tomar forma com o aparente interesse da TAP na privatização da Azores Airlines, consubstanciada na visita de David Nilmam a Vasco Cordeiro. 

Ora a vinda da TAP (ou outra companhia, pela privatização da Azores Airlines ou fora dela) não só ficaria resolvido o número reduzido de aviões a operar no Faial e Pico, uma vez que no caso da TAP, tem 21 A319 (mais adequados à nossa pista) e 20 A320 como ganhava corpo uma possibilidade falada há alguns meses atrás, de também se utilizar aviões de menor envergadura. Isto porque a TAP fez recentemente uma forte aposta nos Embraer 190, aviões que permitem até 106 lugares com classe única, com a justificação de serem “extremamente atuais, de tecnologia avançada e maior autonomia, garantindo uma operação mais fiável e mais flexível, com melhores níveis de economia e eficiência”. Aviões estes que fazem rotas como por exemplo Lisboa- Nice ou Lisboa-Barcelona. 

Ora este tipo de aviões (ou outros similares) poderiam até ser uma vantagem, sobretudo nos meses de inverno. Não só porque as taxas de ocupação são mais baixas, como também as condições climatéricas são piores. Tornando mais rentável e acessível de aterrar um avião moderno, económico e de menor envergadura e peso, do que os velhinhos A320 de 165 lugares com restrições. Da mesma maneira que seria mais fácil ter voos diretos todos os dias no Inverno, ao invés dos atuais dia sim, dia não, com metade do avião vazio. 

A desvantagem é que poderia ser usado como desculpa para adiar para as calendas gregas um possível aumento da(s) pista(s) de entrada no Triângulo, que tanto torcer de nariz produzem em algumas ilhas. Mas já diz o ditado, “mais vale um pássaro na mão que dois a voar”, da mesma forma que outro diz “quem não arrisca não petisca”. 

Neste acumular de “ses”, fica ao critério do leitor qual será o mais indicado para a nossa realidade.


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