Ter saúde, um emprego e/ou melhor salário, são provavelmente as coisas mais desejadas pela maioria dos portugueses. São por isso dos temas mais falados por políticos e comunicação social.
Torna-se assim importante que, quem tem responsabilidades perante os cidadãos, para além da importância de apontar o que está mal, também saiba contextualizar e de preferência apresentar sugestões.
Veja-se por exemplo o tempo de espera para cirurgia nos Açores. É um facto indesmentível que muitas vezes se espera mais do que seria espectável e desejável. Algo que deve ser referido e melhorado, mas para além disso, importa perceber o que está subjacente e se estamos a progredir ou não, no sentido de melhorar a situação de prestar mais e melhores cuidados à crescente procura da população.
Senão vejamos:
Mesmo com as dificuldades da nossa realidade arquipelágica, a Região fechou 2019 com 5250 profissionais no Serviço Regional de Saúde (SRS), o que corresponde a mais cerca de 180, do que no final de 2018.
Tendo mais meios humanos é óbvio que o resultado foi um aumento de indicadores, o que se traduziu, para o total regional, num aumento de 9% no número de consultas realizadas, correspondendo a mais 60 mil, quando comparando com igual período em 2018. Facilmente se depreende que mais profissionais e mais consultas, se traduz num maior número de encaminhamentos para cirurgia.
O número de cirurgias realizadas em 2019 também aumentou 8,5%, comparativamente a 2018, tendo sido operados 8679 utentes no SRS.
Os dados de dezembro de 2019, referem que o tempo médio de espera em lista de inscritos para cirurgia reduziu 2,5% (14 dias), quando comparando com o período homólogo. Nesse mês, verifica-se que o Hospital da Horta é o que tem o tempo médio de espera mais curto, com 231 dias. Já o Hospital de Santo Espírito, na Terceira, encontra-se nos 239 dias e o Hospital do Divino Espirito Santo, em São Miguel, nos 346 dias.
No mesmo período, verificou-se que a percentagem de utentes operados dentro do tempo máximo de resposta garantido registou uma melhoria, passando de 53,5% para 60,5% de cirurgias.
Ora, se estes dados deixam claro que muito ainda falta fazer, também demonstram o caminho que está a ser percorrido.
No que toca a emprego e salários os resultados falam por si.
De acordo com os dados do INE, no período correspondente à primeira legislatura do governo de António Costa, o mercado de trabalho criou, em termos líquidos, cerca de 350 mil empregos.
No ano de 2019 a taxa de desemprego reduziu para 6,5%, a menor taxa dos últimos 19 anos e longe dos 16% alcançados pelo anterior governo.
No que se refere a salários, no mesmo período, constata-se que há menos 841 mil trabalhadores com salários inferiores a 600€ líquidos e mais 942 mil a ganhar entre os 600 e os 1200€. Nos escalões superiores também se verificou aumento, existindo mais 130 mil a auferir entre os 1200€ aos 2500€ e mais 14 mil com salários superiores a 2500€.
Dito de outra forma, no final de 2015 existia mais de 1,1 milhões de portugueses a ganhar menos de 600€ líquidos, no final de 2019, eram apenas 329 mil.
É bom recordar que de 2011 a 2014, com o Governo PSD/CDS, o salário mínimo manteve-se estagnado nos 485€, sobretudo devido a uma decisão ideológica que defendia que o seu aumento produzia desemprego. Nos últimos quatro anos, o salário mínimo aumentou todos os anos, passando de 505€ em 2015, para os 600€ em 2019. Este ano passou para os 635€ (666,75€ nos Açores), tendo o Governo o objetivo de atingir os 750€ em 2023. Um aumento de 50% em 2 legislaturas, estando agora o destaque na subida do salário médio.
Esta transferência de ordenados baixos para os escalões seguintes refletem o trabalho desenvolvido, de onde se destaca o levantamento de restrições à contratação coletiva, o aumento progressivo do salário mínimo, o dinamismo da economia, a eliminação da sobretaxa de IRS e o início da reposição salarial na função pública.
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