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Para bom entender meia palavra basta

No próximo dia 4 de fevereiro, os Açorianos são chamados às urnas antecipadamente, em resultado da instabilidade do Governo de Coligação PSD/CDS/PPM e restantes partidos que a apoiam, de onde se destaca o IL e Chega.

Em abono da verdade, há que constatar que nem tudo foi mal, e efetivamente existem medidas positivas, apesar de muitas se reduzirem a intenções ou projetos. Mas no cômputo geral, acho que é pacífico concluir que o que ficará para a história destes 3 anos de governação é uma tremenda instabilidade, múltiplas lideranças e o destaque a nível nacional pelos piores motivos.

Necessitamos de estabilidade, liderança e previsibilidade. Cidadãos e empresas necessitam de saber com o que podem contar no futuro, nomeadamente no que concerne aos programas de incentivo, estratégia económica e medidas estruturantes. Necessitam que as mesmas não mudem por capricho de pequenos partidos e que decisões de interesse regional não sejam colocadas em causa por minudências, favorecendo inclusive determinadas ilhas de onde é o líder de um qualquer partido que sustenta o Governo. Que o programa mais votado, não tenha que se rebaixar para satisfazer intransigências sem sentido, feitas com intuitos eleitoralistas, bairristas ou populistas e de demonstração de força. Necessitam de saber que determinadas linhas vermelhas, rejeitadas pela maioria da população, não levam a sua avante.

Seja mais à esquerda ou mais à direita, a maioria dos Açorianos revê-se no perfil e capacidades de Vasco Cordeiro ou José Bolieiro, como nos seus partidos e programas eleitorais. Na forte possibilidade de inexistência de maioria absoluta, que outros partidos, que programas, que ideologias e que maturidade política terão esses pequenos partidos, que ficam com a faca e o queijo na mão da vida dos açorianos?  

Com o proliferar de extremismos e percebendo a importância desta pergunta, todos tornaram público com quem aceitam conversar e em quem não se reveem. Todos, menos um, a coligação liderada por José Bolieiro. Isto quando o próprio partido no Continente e na Madeira, deixou claro para o eleitorado com quem não está disposto a governar. Ora esta ausência de resposta é em si mesma uma resposta. Mas esta semana ficou mais claro, quando Bolieiro, questionado sobre um futuro acordo com o Chega, referiu que “O povo é que é soberano, não sou eu.” 

Diz o povo e com razão, para bom entendedor meia palavra basta, e o que disse, por meias palavras, é que não está preocupado em vender a alma a Deus ou o Diabo para se manter no poder. Se é verdade que em função do resultado das eleições, tem toda a legitimidade democrática para fazer governo com quem o permite chegar ao poder, também o é que, em todos os estudos de opinião, o mesmo povo que cita deixou claro que o Chega (apesar do crescimento) é de forma destacada e sem precedentes, o partido com maior taxa de rejeição pelo eleitorado. E valores entre os 60 a 70% é algo que não deixa espaço a qualquer margem de erro.

O dia seguinte às eleições deixará tudo mais nítido, mas temo que as soluções possam ser novamente inconstantes e de curta duração.

Ciente do que está em causa, no dia 4 de fevereiro não se esqueça de ir votar, não permita que outros decidam o seu futuro por si. 


(artigo opinião publicado na edição de 02-02-2024 do Tribuna das Ilhas

 

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