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Apatia e Resignação

Quem controla a narrativa, controla a mente. E sem dúvida que a nível do Faial, este é um trabalho que tem sido desenvolvido com eficiência nos últimos tempos. Se associarmos isso à aparente apatia do maior partido da oposição, em que os protagonistas parecem mais preocupados em manter posições com o novo timoneiro, o terreno torna-se fértil para a resignação da população.

Já por diversas vezes deixei alertas para o problema das acessibilidades (áreas e marítimas) que tem vindo a se afunilar e que poderá provocar graves danos ao futuro da nossa ilha. Olhemos para a atualidade, mais concretamente para os dados das dormidas e de desembarque de passageiros no nosso Aeroporto.

No que toca a dormidas, os dados mais recentes de 2024 comprovam a maré alta do turismo nos Açores, que felizmente faz-se sentir no Faial, alavancado pelo forte crescimento na hotelaria.

Mas se analisarmos as dormidas em alojamento local, que obteve o maior crescimento percentual nos Açores e que faz entrar dinheiro diretamente na economia/bolsos dos Faialenses e não nos grandes grupos económicos hoteleiros, verificamos que este ano, o Faial foi a ilha que menos cresceu nas dormidas, com uma variação de apenas 4,4%, bem longe dos 13,3% da média regional, ou dos 14,7% do Pico, a ilha com uma realidade mais próxima da nossa.

No que toca a passageiros desembarcados, nos primeiros 6 meses de 2024 desembarcaram no Faial 61017 passageiros, o que representa uma redução de 1211 passageiros (-1,9%), face a igual período de 2023.

O Faial, assim como o Corvo, são as únicas ilhas que diminuíram o número de passageiros face ao ano passado, isto quando todas as outras ilhas batem recordes.

Veja-se mais uma vez a realidade do Pico, que em igual período aumentou em 5821 o número de passageiro desembarcados, sendo a ilha com o maior crescimento em todo o Arquipélago (+14,5%), a que não será alheio o crescimento do número de voos.

Torna-se evidente que o Faial esta na cauda do crescimento de dormidas no Alojamento Local e com uma redução de passageiros desembarcados, como não há dúvida que o Faial atravessa um período determinante nas acessibilidades, em que urge resolver os problemas relacionados com o número de voos e os constrangimentos da pista do aeroporto…e o peso político da ilha!

Se no passado, com mais voos por semana, os problemas com cancelamentos, atrasos e bagagem retida eram alvo da justa e forte revindicação da população, hoje, com menos voos programados por semana, os cancelamentos, atrasos e alterações de voos da SATA não só permanecem como atingiram valores preocupantes. A bagagem continua a ficar atrás em dias de mau tempo e os voos para Lisboa começam a fazer escala em outras ilhas. O aumento da pista não passa de verbas para fazer um projeto e o próprio Presidente do Governo, num discurso no Faial, já deixou no ar a dúvida da sua concretização.

Há, contudo, uma manifesta apatia e resignação, que claramente contrasta com o passado recente. Um misto de distração das massas e desilusão da população com os protagonistas de ambos os lados na resolução de certos problemas.

Uma coisa é certa, enquanto estivermos entretidos com as festas de verão ficaremos satisfeitos, mas dificilmente sairemos da cepa torta.

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