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A Estabilidade Governativa

Num belo dia do ano passado, numa altura em que os resultados macroeconómicos do nosso País eram elogiados por toda a Europa, agências de rating e imprensa especializada, quando o pais conseguia um superavit e reduzia a dívida; quando Portugal tinha um crescimento económico acima da União Europeia; quando o emprego aumentava, subiam salários e pensões, mas onde permaneciam problemas estruturais em áreas como educação e saúde, e onde as circunstâncias externas (inflação, aumento taxas de juros, guerras) faziam-se sentir pela população, fomos surpreendidos por uma decisão do Ministério Público que fez cair o Primeiro Ministro.

Caiu um Primeiro Ministro em Portugal por uma intervenção do Ministério Público e, passados 4 meses, nem o mesmo nem ninguém, sabe o porquê.

Também muitos têm dificuldade em compreender porque é que o partido que recentemente tinha obtido uma maioria absoluta e consequentemente a maioria dos deputados na Assembleia da República, não pôde escolher um novo Primeiro Ministro.

Marcelo Rebelo Sousa, veio com o argumento da “estabilidade política”, a “fraqueza da formação do mesmo governo” e que, a maioria recentemente obtido, tinha sido personalizada em António Costa.

Passados 4 meses o que verificamos é que vamos ter um governo precário, a prazo, dependente de 48 deputados da extrema direita e um parlamento partido em três. Por isso sosseguem, porque isto pode piorar, já que se torna bem real a possibilidade de Ventura ser Primeiro-Ministro numas próximas eleições.

Os dados das eleições confirmaram o óbvio, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos estão a léguas do perfil de António Costa, que apenas há 2 anos obteve uma maioria absoluta. Nenhum dos dois conseguiu demonstrar que era uma escolha clara para Primeiro-Ministro.

A vitória da AD foi uma vitória de pirro. Montenegro esteve 2 anos em campanha e não foi além de uma vitória tangencial, apesar dos casos e casinhos que enfraqueceram o PS, a crise política causada pela demissão do Primeiro-Ministro e um novo líder escolhido à pressa. Mas o mesmo já não podemos dizer dos resultados nos Açores. Porque se a nível nacional a AD ficou à frente por 0,8%, nos Açores ficou por uns claros 10,06%.

Será interessante perceber o que farão os protagonistas nos próximos dias.

O PS quer manter o lugar de principal partido da oposição e como tal principal alternativa para governo. Começa é a não ter ninguém com quem se possa entender para governar.

Se PS e AD se entenderem, a oposição fica entregue ao Chega, que só fará com que cresça ainda mais.

Luís Montenegro prometeu que com o Chega “não é não”.

Se a AD fizer um acordo com o Chega, perde a face e será penalizado no futuro. É caso para dizer, se der a mão, o Chega leva o braço.

André Ventura já se fez à AD e avisou há dias, que tinha amigos no PSD que estavam a tratar do assunto. Isto apesar de se referir ao partido como “prostituta política”.

Como se vê, maior estabilidade para os momentos difíceis que todos vaticinam a nível internacional seria impossível, mas vá lá que, no meio disto tudo, tivemos a sorte do ADN não eleger um chalupa, mas foi por pouco!



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