Antes das eleições, o Faial era uma ilha em estado de urgência permanente. Falava-se, finalmente, do que realmente importa: o Aeroporto da Horta — permanentemente com limitações e que continua a ostentar o título de “internacional” apesar de mal conseguir ver aviões levantar voo com todos os passageiros e respetiva bagagem — e do Porto da Horta, esse gigante adormecido que já teve mais importância do que hoje, mas que parece condenado ao esquecimento, enquanto a chamada economia azul vai ficando por rascunhos e intenções. Durante semanas, os grandes temas fizeram manchetes e renderam minutos na televisão. Durante semanas, os temas foram debatidos, prometidos e re-prometidos. Fizeram-se vídeos, visitaram-se locais, anunciaram-se milhões para estes dois investimentos estruturantes para o futuro da ilha e a sua ligação ao mundo . Tudo era estrutural, tudo era urgente. As eleições estavam à porta — e os Faialenses, fartos de esperar por vez, responderam com o voto, penalizando q...
Num arquipélago onde a distância e o mar moldam a vida quotidiana, os transportes e a gestão pública deviam ser tratados com rigor e visão estratégica. Mas os factos, os números e as histórias reais contam outra história – e é uma história de descontrolo e desorganização. De acordo com os dados oficiais da Conta da Região, a dívida a fornecedores atingiu, em 2024, o valorimpressionante de 436,2 milhões de euros , face aos 154,5 milhões registados em 2020. Por sua vez a dívida pública da Região apresenta novo recorde de 3400milhões de euros em 2025 , um aumento de 1000 milhões apenas nos últimos 4 anos do Governo de Coligação. Esta trajetória desgovernada ocorre ao mesmo tempo que a execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) se mantém vergonhosamente baixa, segundo dados publicados recentemente. Mas talvez nada simbolize melhor esta inépcia do que a forma como se geriu – e continua a gerir – a SATA, empresa pública essencial ao arquipélago. Após anos a insinuar que...