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A força do Triângulo

As Ilhas do Triângulo são fortes se unidas e têm tudo para ser um destino de excelência dos Açores. Não só pelas paisagens únicas, natureza deslumbrante e produtos típicos que não necessitam de apresentações, mas porque, só no Triângulo se tem a real sensação do que é viver no arquipélago e da relação umbilical (social e económica) entre ilhas. Acresce o facto de apenas com 1 bilhete de avião o turista poder visitar, de uma maneira rápida e barata, 3 ilhas, fazendo assim jus ao slogan “1 viagem, 3 destinos”.
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Tendo o Triângulo esta atração e exclusividade, torna-se difícil compreender as dificuldades nas ligações ao Continente e a inexistência de voos internacionais em época alta. E se olharmos para os dados estatísticos e fizermos uma comparação com o destino da Ilha Terceira, deixa-nos ainda mais estupefactos.

Comecemos com o indicador de levantamentos de multibanco efetuados por estrangeiros. De junho a agosto de 2018 foram efetuados levantamentos no valor de 1,9 milhões € no Faial, 1,8 milhões € no Pico e 810 mil € em São Jorge. Nas ilhas do Triângulo com cerca de 15% da população dos Açores, foram efetuados levantamentos internacionais no valor 4,6 milhões €. Já a ilha da Terceira, com 23% dos residentes dos Açores e com um número incomparavelmente superior de voos e servida por low cost, obteve um total de cerca de 3,7 milhões €.

A ilha Terceira em 2018 teve 5740 aviões (descolagens) no seu aeroporto, dos quais 1028 para o Continente.
A ilha do Faial em igual período teve 2243 aviões, dos quais apenas 323 para Lisboa. O Pico 1118, dos quais 138 para Lisboa e São Jorge 769, todos eles inter-ilhas. 
Perfaz assim que as Ilhas do Triângulo têm apenas 461 ligações ao Continente, ou seja, menos da metade das registadas na Terceira.

Se olharmos para o total de hóspedes em 2018 (faltando ainda contabilizar dezembro), verificamos que o Faial tem 71756, o Pico 50656 e São Jorge 19892, ficando assim o Triângulo com 142 213 hóspedes. A Terceira registou 132 572, menos quase 10 mil hóspedes que o Triângulo, isto apesar de ter mais 1610 voos, dos quais mais 567 para fora da Região. 

No que concerne às ligações do Triângulo com o Continente em 2018, a ilha com mais hóspedes, mais voos e mais passageiros é o Faial. Realçando o facto que, apesar de ter mais voos que o Pico, obtém uma taxa de ocupação de 78% no total do ano. Taxa essa que sobe para os 82% no Verão IATA e nas alturas de maior procura ronda os 100%, uma vez que no verão passado foram 21 os dias consecutivos sem oferta de lugares para sair ou chegar ao Faial.

É obviamente necessário destacar o forte crescimento de passageiros desembarcados no Pico, crescimento este superior ao do Faial. Relembrar também que o Faial costumava ter 14 voos por semana nos meses de julho e agosto, enquanto o Pico apenas 2 (2015), sendo que no Faial reduziu para 10 e o Pico duplicou para 4. Se é positivo os voos aumentarem para o Pico, a descida do Faial é prejudicial, não só para ilha, mas para o destino Triângulo, que merecia um aumento e não uma redução de ligações para o Continente, com voos deslocados de uma ilha para outra.

Olhando para os passageiros desembarcados entre 2016 e 2018, altura onde se verificou o “boom” do turismo, verificamos que o Pico teve 186 mil passageiros e o Faial 331 mil. Se é certo que tendo o Faial mais voos, alguns destes passageiros são para o Pico (como também existe o inverso, em menor número), olhando para número dos hóspedes ficamos com uma ideia da procura. E aí verificamos que em igual período, o número no Pico foi de 128 mil e no Faial, novamente quase o dobro, com 201 mil.

Fica assim demonstrado que as 3 ilhas do Triangulo têm espaço para crescer, que as 3 necessitam de melhores acessibilidades na época alta e de melhoramentos nos seus aeroportos com ligações ao exterior, que se complementam e beneficiam mutuamente. Assim, torna-se imperativo alterar as OSP nas ligações entre o Triângulo e o Continente, de modo a atrair mais operadores e mais voos, incluindo internacionais, porque o Triângulo é claramente o 2º destino dos Açores.

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Comentários

  1. Análise muito interessante, cuja conclusão (último parágrafo) faz todo o sentido.
    No entanto, a análise carece de alguma coerência, pois são comparadas épocas diferentes e é dado um protagonismo (injustificado) à comparação estatística entre Faial e Pico. Exemplos
    - A palavra "Faial" aparece 12 vezes no texto, "Pico" é mencionada 11 vezes e "São Jorge" apenas 3 (até menos do que as 4 vezes da "Terceira") — isto mostra que falta incluir mais dados de São Jorge.
    - Para a análise ao multibanco usam-se os meses de junho a agosto de 2018, mas no movimento dos aviões usa-se todo o ano de 2018; os dados dos hóspedes são referentes a 2018 mas sem dezembro; os passageiros aéreos desembarcados são analisados de 2016 a 2018; a taxa de ocupação dos aviões é relativa ao verão IATA (de abril a outubro), presume-se que de 2018(?) — curiosamente, a taxa de ocupação é a única estatística que é apenas analisada para a ilha do Faial.
    Resumindo, volto a frisar que é uma análise muito interessante e que mostra de forma clara "a força do Triângulo"; só é pena que não seja uma análise mais sólida e consistente, de forma a fortalecer ainda mais o Triângulo.

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    1. Os dados utilizados foram os mais recentes e que na altura do texto estavam disponíveis.

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  2. Excelente visão do Triângulo! Parabéns!

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