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Mensagens

Vacinação e Desinformação

Hoje em dia existem pais com mais receio do glúten na alimentação do que do vírus da varíola ou sarampo, o que por si só já explica a eficácia da vacinação. Algo que chocará qualquer pessoa idosa, ainda com memória dessas doenças.  Seria de esperar que aceitassem o conhecimento e evidência científica atual e as instruções da OMS, que defendem a necessidade e eficácia dos programas de vacinação, mas não. Em várias entrevistas de pais anti-vacinas é referido que “pesquisaram muito tempo” para chegar a essa conclusão, apresentando um rol de argumentos retirado do seu curso intensivo nos diversos sites e vídeos sobre este tema, partilhados até à exaustão.  E em que é que se baseiam esses pais? Maioritariamente em duas coisas: 1 - Uma falsa sensação de segurança, associado a um egoísmo social; 2 - Excesso de informação, muita dela alicerçada em meias verdades, desinformação e teorias de conspiração.  O facto de decidirem que não existe necessidade de vacinação, ...

É a obra!

Não sei se é por estar mais velho ou por ser pai de dois pequenos meninos, um com 3 anos e outro com 7 meses, mas a verdade é que as imagens de guerra, destruição e de sofrimento humanos, sobretudo de crianças, como no recente bombardeamento com armas químicas na Síria, é algo que me sensibiliza e choca de uma forma muito mais forte que no passado. Refiro-me às perturbantes imagens que os media apresentam, num misto de sensacionalismo para audiência e de frontalidade nua e crua, para nos fazer acordar e dar a devida atenção para o problema e sofrimento humano. Passada a tristeza e revolta da emoção, invade-nos a dúvida sobre o que podemos fazer, mas na maioria das vezes acabamos num beco sem saída e com um sentimento de frustração. Posteriormente, como se fosse um escape, somos tomados por uma sensação de alívio egoísta e de satisfação pela sorte que temos, sobretudo os nossos filhos, de viver neste pequeno paraíso de segurança e qualidade de vida. Por vivermos num local sem guerra...

Doa a quem doer

No mês de Março foi tornado público o resultado das rotas operadas pela Azores Airlines, com destaque para as 3 rotas de Obrigações Serviço Público (OSP) com Lisboa (Horta, Pico e Santa Maria), conforme se pode verificar no quadro em que resumo os dados de 2016. Facilmente se depreende a diferença da rota da Horta em relação às restantes. E se com o triplo dos voos se conseguem taxas de ocupação de 75%, com tarifas mais caras, dificilmente se compreende o grande prejuízo da rota. E se há que rentabilizar, o quadro deixa claro onde nos devemos centrar. Consultando dados mensais verificamos que Santa Maria teve apenas 2 meses com taxa de ocupação superior a 50% e 5 inferiores a 30%. O Pico tem 4 meses com taxas de ocupação inferiores a 50%, possuindo no entanto 2 meses com taxas superiores a 80% (Julho e Agosto). O Faial, por sua vez, tem todos os meses com taxas de ocupação superiores a 50%, com 8 meses superiores a 70%, dos quais 5, Maio a Setembro, com taxas superiores a ...

Quem os aplaude?

No dia 1 de março de 2016, um jornalista perguntava a Passos Coelho, “Imagine que esta estratégia (do atual Governo) corre bem, que é possível devolver rendimentos às pessoas e ao mesmo tempo cumprir os limites orçamentais. Se isso acontecesse tira ilações?”. Resposta de Passos Coelho “ Ah com certeza, passaria a defender o voto no PS, no BE e no PCP. Se pudéssemos todos devolver salários e pensões e no fim as contas batessem todas certas, isso seria fantástico.” Em setembro de 2016, a ex-Ministra das Finanças, Maria Luísa Albuquerque (MLA) é questionada sobre a possibilidade de se cumprir a meta do défice este ano (2,5%). Responde, “Não acho de todo possível, aritmeticamente não é possível.” O jornalista insiste então se MLA acredita num défice de 2,7 ou mesmo de 3%, obtendo a mesma resposta. O jornalista questiona, “Se acontecer, vai reconhecer que se enganou?”. “Acho impossível que isso aconteça”, responde. Estamos em Março de 2017 e os dados de 2016 já são conhecidos. Port...

Quem os alimenta?

Vivemos um novo tempo, onde muitos elegem novos “heróis” e só depois das tomadas de posse, colocam a mão na consciência e descobrem que, na maioria dos casos, optaram por um caminho errado. Os Estados Unidos (e o Mundo) estão agonizados com a eleição de Donald Trump, a Alemanha, a França, a Itália e a Holanda, estão com as barbas de molho; na Turquia e na Rússia a ditadura instalou-se; o Reino Unido ameaça desintegrar-se pela saída da União Europeia; a União Europeia está em alerta com a possibilidade de mais saídas e com as ameaças vindas da Rússia e agora também dos EUA. E por aqui vamos, por este mundo fora, lamentando, é certo, mas agindo com indiferença perante os genocídios cometidos no Sudão, na Síria, na Birmânia e em tantos outros conflitos. Uns que temos conhecimento pelo seu mediatismo mas ao quais nos habituamos às imagens, até se tornarem um insignificante rodapé num qualquer Telejornal, e os outros que, intencionalmente ou não, desconhecemos. No fundo, não têm esp...

Aeroportos do Triângulo

Li no Blogue “Cais do Pico” um artigo que pretendia demonstrar como os Aeroportos do Triângulo servem o conjunto das 3 ilhas, para assim identificar qual o que melhor as serve. Percebi logo pelas variáveis selecionadas (e ignoradas) o seu objetivo. É perfeitamente normal que um ilustre académico da área das telecomunicações, natural do Pico, 1º subscritor da petição para o aumento da operacionalidade do Aeroporto do Pico, publique no seu blogue um “estudo” realizado por si, com as variáveis que entendeu, mesmo não sendo especialista na área em apreço. Estou certo que mesmo que o leitor não o tenha lido, já percebeu a conclusão do mesmo. É quase como pedir ao Pinto da Costa um estudo sobre qual o melhor clube de futebol. O que já acho questionável é que o mesmo tenha destaque na RTP-Açores, sendo apresentado com se fosse algo realizado por uma entidade especializada em estudos aeroportuários. Concordo com a necessidade de este conjunto de ilhas ser condignamente servido com ligações pa...

Vícios e Congressos

Costumo dizer em tom de brincadeira que sou ”viciado” no Benfica, atualidade política e redes sociais. As redes sociais, entre outras coisas, servem também para acompanhar e extravasar os outros 2 vícios. O Benfica (e o futebol) de uma maneira apaixonada e descontraída, e a atualidade política de uma forma mais racional e fundamentada. Já me disseram que sou especialista em futebol de sofá e em política de computador, com muita leitura, discussão e opinião sobre os temas. E ainda bem que assim é, uma vez que considero que não tenho perfil nem talento para jogador ou político. E nestas coisas sempre me fascinou mais o trabalho “por trás das camaras” que propriamente o lugar de “ator principal”, ou como diria um amigo da política, de papagaio carismático do soundbite. Esta divagação vem a propósito do recente congresso do PSD-Açores. Como é habitual, segui com alguma atenção, mas poucas foram as vezes que presenciei um congresso tão atípico e sem chama. Obviamente que depois de (m...

Da geração que viveu em liberdade

Isto não é um obituário, é o ponto de vista de um desconhecido que teve a sorte de nascer em liberdade e democracia. A primeira recordação que tenho de Mário Soares data de 1986, na candidatura a Presidente com o famoso slogan “Soares é fixe”. Tinha 9 anos, mas recordo-me desse domingo de eleições, vendo a TV com os meus pais, quando para surpresa de muitos, foi anunciada a sua vitória. Só anos mais tarde percebi a importância histórica dessa vitória épica e tangencial contra Freitas do Amaral à 2ª volta. Em toda a minha vida nunca testemunhei algo que indicasse a preferência política dos meus pais, excetuando esse dia, pela reação da minha mãe, percebi que muito provavelmente tinha votado no candidato que venceu. Não sei bem como explicar mas senti aquela vitória também como minha. Recordo-me que pela primeira e única vez na vida, desci as escadas com minha mãe, para saudar na rua uma extensa e eufórica caravana de carros que passavam. Curiosamente, nunca cheguei a votar em Má...

Ano Velho, Ano Novo

Depois das 23:59:59 do dia 31 de Dezembro terminou um segundo, um minuto, uma hora, uma semana, um mês, um ano. O tempo esse continua sempre, nunca termina. O que não falta por esta altura são os "balanços" do ano que passou e os prognósticos para o que se inicia. Tenho presente uma série de eventos que se destacaram a nível internacional, nacional, regional e local. Seria fastidioso e impraticável listá-los neste pequeno espaço, mas permitam-me os seguintes destaques. 1. A nível internacional o Brexit e a eleição de Trump, com implicações evidentes ainda por quantificar e que se farão sentir no decorrer de 2017. Para além disso os atentados na Europa e o drama dos refugiados devido aos conflitos no Médio Oriente, que infelizmente devem perdurar neste novo ano. A tudo isto há que acrescentar para 2017 a assustadora possibilidade de resultados importantes para a extrema-direita em França e na Alemanha e os problemas na banca europeia. 2. A nível nacional foi um ...

Uma semana de boas notícias

Porque acredito que nem só as más notícias e as críticas devem nortear o nosso dia-a-dia, a semana passada foi fértil em comprovar o contrário, com um conjunto de boas notícias para a ilha do Faial.  1 . A secretária de Estado do Turismo e o secretário de Estado da Defesa Nacional assinaram com a Câmara Municipal um memorando de entendimento para a integração do Quartel do Carmo no programa Revive (Reabilitação de Património e Turismo). Este antigo convento da ordem dos carmelitas do século XII e que posteriormente foi adaptado a Quartel no século XX, já se encontrava abandonado há mais de uma década pelo Ministério da Defesa. Desde o passado dia 9 passa a ser o primeiro imóvel situado nas Regiões Autónomas a integrar a lista dos edifícios a requalificar através do referido programa nacional, com concurso para a sua concessão a ser lançado em 2017. O programa tem como objetivo requalificar 30 edifícios públicos degradados com elevado valor patrimonial, abrindo assim este patr...

1 ano de Geringonça

Escrevo este artigo passado 1 ano da tomada de posse do Governo PS de António Costa, com o apoio parlamentar do BE, PCP e PEV, ou como o apelidou Paulo Portas, a “Geringonça”. Assim, considero pertinente um ponto de situação.  Fui daqueles que via com desconfiança um governo do PS dependente do apoio do BE e CDU, reconhecendo no entanto toda a legitimidade democrática e constitucional para tal. Dadas as hipóteses que se colocavam, era da opinião que um governo “das esquerdas” iria acarretar mais riscos. Aliás, este novo governo serviu para nos elucidar em vários aspetos. Fez-nos ver que somos uma democracia muito novinha, sendo a primeira vez que temos um primeiro-ministro que não provém do partido mais votado, uma ministra negra e um membro do governo com deficiência (cega). Serviu também para esclarecer quem são aqueles que não sabem ou fingem não saber o conceito de democracia representativa parlamentar. Não sei como António Costa vai terminar o mandato, mas julgo que é...

Parabéns Donald Trump!

Apesar de discordar da sua visão para a América, quem consegue alcançar semelhante resultado numa eleição livre e democrática, contra todas as possibilidades iniciais, tem reconhecidamente mérito e astúcia. Usou a estratégia de fugir da imagem do candidato politicamente correto e alinhado com o sistema político/financeiro e disse tudo o que os americanos revoltados com os políticos e com o “establishment” queriam ouvir. E o discurso de vitória, consensual, e quase contrário a tudo o que afirmava na campanha, assim o confirma. Mais do que a vitória, que foi sempre uma possibilidade nas sondagens dos últimos meses, choca-me a argumentação que se resume a afirmar que os Americanos são ignorantes. Como se este fosse o primeiro exemplo ou um caso único apenas na América! Esta estratégia de avestruz, que prefere esconder a cabeça na areia, do que analisar as verdadeiras causas, é algo que me preocupa, principalmente quando temos um ano cheio de eleições por toda a Europa. Será que d...

Abstenção e desconhecimento da realidade dos Açores

Não me vou debruçar nestas linhas sobre o resultado (já esperado) das últimas eleições Regionais. Já tudo foi dito sobre a vitória clara do PS por maioria absoluta, da sondagem e da abstenção. Já foi também explanado, a nível local, a mudança de cor política na ilha do Faial, que não se consubstancia na subida do PSD, que na prática manteve o mesmo número de votos de 2012, eleição que então perdeu no Faial, mas sim pela perda de 919 votos do PS, nomeadamente para a abstenção (+332), BE (+265) e CDS (+227). Na realidade o foco da questão é outro, a abstenção registada, mas no ponto de vista das justificações difundidas na comunicação social do Continente, que tanta indignação causaram em muitos Açorianos, que não se coibiram de efusivamente o demonstrar nas redes sociais.  Vou-me cingir aos 2 casos mais mediáticos. O excerto da intervenção na SIC-Notícias, do conhecido comentador de assuntos políticos, Luís Delgado, sobre os valores recorde de abstenção nos Açores e a crónica...