As eleições autárquicas aproximam-se a passos largos. São eleições em que as pessoas se sentem mais próximas dos intervenientes. Cidadãos que todos conhecemos e com quem convivemos, encontram-se nas diferentes listas dos diferentes órgãos, em que é mais importante a competência para o cargo, bem como o trabalho realizado na sua localidade a nível profissional e sobretudo cívico, do que a cor ou ideologia do partido.
Infelizmente, não se tem discutido o que cada um propõe fazer, são raras as propostas novas apresentadas e muito menos se perde tempo a explicar em concreto o que se pretende fazer de diferente e como. Além disso, ninguém parece preocupado em avaliar se o que foi proposto há 4 anos já foi realizado ou iniciado.
Não se fala do início de obras por todos pretendidas e por outros anteriormente prometidas, mas que só neste mandato tiveram o seu início, como o Mercado Municipal, o Saneamento Básico ou o projeto da Frente Mar. Mas apenas se o lamentável bloqueio a um apoiante de uma candidatura adversária, na página do Facebook do Município, foi realizado por um “zeloso” funcionário ou pelo filtro de profanidade da rede social.
Não se fala que neste mandato a redução da dívida do município foi de 44%, fechando o ano de 2016 sem dividas aos fornecedores locais e com um saldo positivo pela primeira vez desde o 25 de Abril, mas sim na estética da intervenção junta à torre do Relógio. Um espaço que ganhou vida e que por muitos é agora utilizado e que a Direção Regional da Cultura autorizou e esclareceu que por ser superficial, não coloca em perigo o valor arqueológico que por lá pode existir.
Não se fala da reabilitação da rede viária em importantes artérias do município, com substituição da rede de abastecimento de água, recolha de águas pluviais e instalação de saneamento, mas apenas na troca inflamada de palavras entre o novo diretor do Tribuna das Ilhas e o Vice-Presidente da Câmara e as relações familiares do primeiro com a candidata a vereadora de outra candidatura.
Não se fala no novo sistema de monitorização automática da água do concelho, bem como no melhoramento de mais de 40 reservatórios, garantindo assim uma melhor qualidade da água, mas sim se um cidadão pediu ou não autorização para entrar no centro de processamento de resíduos.
Não se fala na solução encontrada para problemas com décadas, como o quartel do Carmo e no acordo conseguido para ficar com as posições militares da nossa ilha para fins turísticos, mas sim nas características pessoais, as chamarritas bailadas ou a expressão escrita do Vice-Presidente.
Não se fala do PRIUS, o importantíssimo plano estratégico que visa a reabilitação e transformação da cidade da Horta, já em execução, e para o qual foram ouvidos e envolvidos os cidadãos e entidades locais, e onde estão planeadas dezenas de investimentos na cidade da Horta até 2020. Pelo contrario, centram-se as atenções numa cláusula de um protocolo com os órgãos de comunicação social locais, quando foi devidamente explicado na altura ao que se reportava, aceite pelos jornais, e mesmo assim posteriormente eliminada para que não persistissem nenhumas dúvidas.
Não se fala do mérito da criação de um grupo de trabalho heterogéneo, para propor uma solução fundamentada para o aumento da pista do Aeroporto da Horta e da sua entrega e acérrima defesa junto dos responsáveis pela resolução do problema, mas sim se o mesmo devia ter sido entregue à oposição um dia antes ou depois.
Não se fala nem se discute as poucas propostas de determinados partidos, nem o que propuseram no passado de concreto para resolver os problemas dos faialenses, mas sim daquilo que é uma responsabilidade de empresas privadas ou do Governo, querendo passar ideia que são da autarquia.
Não se fala de todas as medidas extras de apoio social no nosso município, durante a maior crise das últimas décadas, mas sim na necessidade urgente de mudar a Semana do Mar, que por acaso a cada ano que passa está melhor e com mais gente.
Há tempo e motivo para nos debruçamos sobre todos estes temas, mas existem uns com maior impacto e importância na vida dos faialenses, que pura e simplesmente tem sido ofuscados na opinião pública.
É de facto uma eleição sui generis, em que também cá fica realçado o papel dos “spin doctors”, e todas as suas técnicas concertadas de manipulação e persuasão aplicadas nos jornais, redes sociais e no espaço público.
Chamo a este artigo, uma lufada de ar fresco! Parabéns!
ResponderEliminarConcordo a 100%
ResponderEliminar