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Portugal: Uma casa a arder

Portugal encontra-se num estado de desgoverno aparente. Ano após ano, os incêndios devastam o território, bombeiros perdem a vida e as respostas tardias continuam a expor cidadãos ao perigo. Estradas são fechadas tarde demais, pondo em risco a vida de condutores que, sem alternativa, enfrentam as chamas.

A crise, contudo, não se limita aos incêndios. Nas escolas, a falta de assistentes operacionais é gritante e a ausência de professores torna-se uma constante. Acrescente-se a isto episódios de violência, como os recentes esfaqueamentos. A educação, pilar fundamental de qualquer sociedade, parece estar em decadência.

Os serviços de saúde são outra pedra no sapato da governação. As urgências fecham a um ritmo alarmante, deixando populações inteiras com acesso limitado a cuidados de saúde essenciais. Cidadãos que precisam de assistência são frequentemente confrontados com a incerteza sobre onde podem ser atendidos. Esta falha na resposta de emergência, associada a constantes listas de espera, compromete a confiança da população num sistema que já devia estar consolidado.

O cenário nos tribunais também é desolador. Entupidos e sem capacidade de resposta, processos judiciais arrastam-se por anos, muitas vezes sem resolução. A justiça, um direito fundamental, transforma-se num luxo para quem pode esperar, enquanto a maioria perde a esperança de ver os seus casos resolvidos.

Mas será esta crise uma questão de falta de dinheiro? Aparentemente, não. Quando se gastam milhões em eventos internacionais, como as Jornadas Mundiais da Juventude ou torneios de futebol, a ideia de que faltam recursos para áreas fundamentais torna-se difícil de justificar. Portugal tem dinheiro, mas gasta-o onde é mais vistoso, e não onde é mais necessário.

A recente aposta em medidas “cegas” como benefícios fiscais para todos os jovens acaba por ser mais uma prova de que o foco está errado. Em vez de resolver problemas estruturais, investem-se recursos em medidas populistas que parecem apenas ter em vista as eleições. O “aumento” (ou adiantamento) dos salários e pensões, por mais justificado que seja, não passa de um paliativo temporário que não responde às necessidades reais do país.

Enquanto o governo continuar a apresentar soluções de curto prazo, sem olhar para os problemas de fundo, Portugal ficará estagnado. Não se pode esperar crescimento ou progresso de um país que não investe nas suas bases: educação, saúde, justiça e segurança. O imediatismo das políticas torna o futuro incerto, e a falta de visão para o longo prazo custa caro à nação.

Portugal é hoje uma casa a arder, pseudo-gerida por uma classe política que parece alheia à realidade. Decisões mal calculadas e uma constante aposta em medidas que apenas procuram satisfazer o eleitorado, em vez de resolver problemas reais.

Se não aprendermos com os erros do passado, continuaremos a ver o país a arder, quer nos fogos que destroem o território, quer no desgoverno que afeta a vida de todos. A pergunta que fica é: conseguiremos, finalmente, aprender com os erros do passado e mudar o rumo, ou continuaremos a arder, literal e metaforicamente?

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