Nos Açores, terra de beleza avassaladora e genuinidade, surge um paradoxo político desconcertante: a democracia insular, por vezes, parece governada por alguns egos com mais altitude que os vulcões locais. Pequenos “ditadores”, de discurso inflamado, não apenas evitam a crítica como a atacam com vigor digno de melodrama. Criticar o governo tornou-se um ato de coragem. Quem se atreve a apontar falhas – sejam cidadãos comuns ou responsáveis de instituições locais – rapidamente encontra o seu nome arrastado pela lama da política de difamação e desqualificação. A ironia? Esses pequenos Napoleões açorianos, supostamente defensores da transparência e da democracia, demonstram uma fragilidade alarmante quando confrontados com uma simples discordância. Que fique claro que não se está a confundir o todo com as partes, mas os exemplos multiplicam-se em alguns protagonistas. A fórmula é sempre a mesma: um cidadão reclama de um serviço público que não funciona, um líder de uma instituição loca...
A meritocracia é um conceito que se baseia na ideia de que o mérito e as capacidades são os fatores determinantes do sucesso. Acontece que um dos maiores fatores para ser bem-sucedido na vida é ser filho de pessoas bem-sucedidas, mesmo com fraco aproveitamento escolar, como comprovam vários estudos. Ser filho de pessoas bem-sucedidas influencia o nosso futuro sucesso de duas formas. Os genes que herdamos e o ambiente familiar e socioeconómico em que somos criados. Dado que ninguém escolhe o seu próprio genoma e ninguém escolhe a família onde nasce – se rica, se bem conectada socialmente, se bem estruturada – também não me parece que seja possível atribuir o nosso mérito a essas ocorrências. A coisa mais perversa associada a esta ideia da meritocracia levou a uma corrente liberal anti Estado. No fundo, a lógica é a seguinte: “ se eu fui bem-sucedido à conta do meu esforço e tu não, porque é que eu tenho que pagar mais impostos para te sustentar?” A ideia do “Self Made Man” sugere ...