Em pouco mais que uma semana, os faialenses voltam às urnas. Mais do que escolher listas ou partidos, estarão a decidir que lugar querem para a sua ilha nos próximos anos. A realidade é clara: o Faial está a perder espaço no contexto regional. Perde peso político, perde confiança, e cada vez que isso acontece, perdem também os faialenses — em oportunidades, em desenvolvimento e em futuro.
Enquanto outras ilhas crescem e se afirmam de
forma consistente, o Faial avança timidamente, e em alguns domínios até recua.
A Coligação, liderada pelo PSD-Faial, trouxe pontos positivos e um renovado
fôlego, mas tem mostrado mais talento para a pirotecnia comunicacional e
mudanças cosméticas do que para resolver problemas estruturais. Tirando as
raras exceções que surgem para responder a problemas atuais, limita-se a
concluir o legado planeado pelos seus antecessores, beneficiando de um trunfo
histórico e irrepetível: a "bazuca financeira" do PRR, que veio
apenas acelerar a concretização de projetos. Mas isso não chega. Quando o Faial
perde voos para o exterior e vê o seu aeroporto cada vez mais limitado, quando
vê o seu Porto e Marina eternamente à espera de melhoria, não é apenas
mobilidade que se perde: é a competitividade, é a própria sustentabilidade do
seu futuro.
Seria simplista atribuir toda a responsabilidade
no partido no poder. Também a oposição tem a sua quota-parte. O PS/Faial, que
durante anos foi uma referência incontornável, atravessa uma fase de
fragilidade marcada por sucessivas derrotas eleitorais: onze sufrágios desde
2016 traduziram-se em apenas duas vitórias na ilha. Durante demasiado tempo,
manteve-se preso a dinâmicas internas pouco renovadoras e evitando o risco de
mudança e de contrariar, o que associado ao desgaste normal de quem está no
poder, acabou por o afastar gradualmente da população.
Esse afastamento fragilizou não apenas o partido,
mas sobretudo o Faial. Porque quando faltam vozes fortes a reivindicar e a
defender a ilha, a consequência é inevitável: menos peso nas decisões
regionais.
Ainda assim, algo começa a mexer. Surgem novos
rostos, ainda tímidos, empurrados pela necessidade, com pouco tempo para se
afirmarem, mas presentes. E essa presença, mostra algo maior: a vitalidade da
sociedade faialense, que nunca se resignou. O desafio é transformar essa
energia em estratégia clara, que combine visão, mobilização e ação concertada.
O Faial precisa de quem lute sem descanso pela
ampliação da pista do aeroporto, pelo reordenamento do porto e da marina, por
transportes marítimos e aéreos dignos, por investimentos na ilha que potenciam os
nossos pontos fortes, dinamizem a economia e melhorem a qualidade de vida de
quem aqui vive. Quem assumir verdadeiramente este compromisso será a força
transformadora que a ilha merece.
Cabe a todos nós escolher se queremos que o Faial
continue a perder relevância ou se recupera a ambição de ser protagonista, se
queremos viver de aparência ou lutar pelo futuro que esta ilha merece.
(artigo publicado na edição de 3 de Outubro de 2025 do Tribuna das Ilhas)
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