As recentes
eleições materializaram-se a nível nacional numa vitória histórica para o PS, atingindo
o maior resultado de sempre de um partido nas eleições autárquicas. A este
facto não serão alheios os excelentes resultados da governação da Geringonça de
António Costa. Vitória essa que não se propagou aos seus aliados, obtendo o PCP
um resultado desastroso (virando-o novamente para as greves e manifestações) e
o BE mantido a sua nulidade a nível autárquico.
Se a derrota do
PSD já era esperada, o tamanho da humilhação em Lisboa e Porto, associada à
estrondosa vitória do PS, determinou a saída de Passos Coelho. Se a noticia em
si é vista com bons olhos pela maioria dos Portugueses (incluindo do PSD), não
deve ter deixado satisfeito António Costa, que assim será forçado a trabalhos
redobrados para atingir a maioria absoluta.
A nível regional
manteve-se o mapa rosa, com o único destaque para a perda do Nordeste pelos
Socialistas, mantendo assim, 12 das 19 câmaras, contra 5 do PSD, 1 do CDS e 1
de um movimento independente apoiado pelo PS.
A nível local,
José Leonardo obteve mais uma vitória com maioria absoluta para a Câmara
Municipal, isto apesar da subida da coligação PSD/CDS e da descida do PS,
quando comparando com o excecional resultado de Leonardo em 2013.
Já se a
comparação for feita com a maioria absoluta de João Castro em 2009, verificamos
que o número de votos do PS e a distância para PSD+CDS é superior à então verificada.
Sempre
considerei que Leonardo seria o vencedor, admitindo que no pior cenário pudesse
perder a maioria absoluta. Não só pelo que é e representa como pessoa mas
também pelo que realizou no seu mandato, pela gestão efetuada e propostas
apresentadas. Já para não falar que seria de uma extrema injustiça que Carlos
Ferreira, não tendo apresentado nada de estruturante ou diferente (a não ser
uma eventual nova atitude reivindicativa) ficasse associado à execução de obras
como a Frente Mar e o Mercado Municipal, todas elas pensadas, projetadas e
iniciadas por Leonardo.
Como tinha
previsto, a maioria dos votantes Faialenses acreditou que com este resultado ficávamos
duplamente a ganhar. Isto porque, não só Leonardo é um homem mais de ação,
experiente e que provou ter feito um bom mandato, como o que tem distinguido
Carlos Ferreira é a sua capacidade de reivindicar e de apontar o que está mal,
e para isto não existe melhor palco que a Assembleia Regional. Sabiamente
pensaram assim os Faialenses, que distinguiram bem o que são legislativas de
autárquicas e o que é a atuação do governo, de um deputado e do presidente de
câmara, bem como o que estava em avaliação: o mandato de Leonardo e as
propostas de todos os candidatos. Também sabiamente, quiseram deixar claro o
seu voto de maior pluralidade na tomada de posições, dando a maioria da
Assembleia Municipal (AM) à oposição.
Maioria teve
também a coligação PSD/CDS nas juntas de freguesia (8 das 13), mas atendendo à
especificidade destas eleições, muito mais focadas nas pessoas que encabeçam as
listas, conclui-se que Ferreira foi mais eficaz na escolha dos candidatos, tendo
sido esse o trunfo que permitiu controlar a AM.
De destacar
também na AM a eleição de um deputado pelo PAN e a perda de um deputado pela
coligação PCP/PEV que, paulatinamente, perde eleitorado a cada eleição
autárquica.
Ficamos assim
com um novo figurino na AM, com 10 deputados do PSD/CDS, 9 do PS, 1 do PCP/PEV
e 1 do PAN, aos quais, juntando os presidentes de junta, perfaz 18 votos pelo
PSD/CDS, 14 votos PS, 1 PCP/PEV e 1 PAN. Daí se percebe a multiplicidade de
consensos que serão necessários para o elenco camarário aprovar o que quer que
seja na AM, todos eles dependentes do PSD/CDS.
Há contudo outro
facto a destacar, que é a presença de 3 deputados do CDS na AM, deputados esses
que com a sua orientação de voto detém um poder acrescido. E aqui teve bem o
CDS ao desvalorizar a lista da Câmara e centrar forças naquilo que parecia mais
óbvio, a AM.
Por hipótese, se
o CDS-Faial almejasse maior protagonismo e aumento de eleitores, poderia seguir
a estratégia que Artur Lima alcançou a nível regional, que na oposição aprova ou
abstêm-se no plano e orçamento do PS, em troca da aprovação de propostas do CDS,
colhendo os louros das mesmas por serem do agrado do eleitorado. Já para não
falar que depois de eleito o Regimento permite a constituição de um grupo
independente do CDS, o que seria algo a enveredar em último caso. Bastaria
assim ao PS a abstenção desses 3 deputados e o (mais fácil) apoio da CDU e PAN
para aprovar as suas pretensões, da mesma maneira que ao voto a favor desses 3
deputados bastaria a abstenção do PCP ou PAN.
São múltiplas as
variáveis disponíveis e uma coisa é certa, terá sempre que haver concertação
das forças políticas para se chegar a bom porto. Resta saber se os interesses
do Faial estarão em primeiro lugar ou se a intriga partidária levará a
melhor.
(escrito no dia 10/10/2017 e publicado no jornal Tribuna das Ilhas no dia 13/10/2017)
(escrito no dia 10/10/2017 e publicado no jornal Tribuna das Ilhas no dia 13/10/2017)
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