À medida que o calendário se aproxima de 31 de dezembro, algo peculiar desperta em nós: um misto de nostalgia, celebração e expectativa pelo futuro. A passagem de ano é mais do que um marco temporal, é um evento simbólico que transcende culturas e épocas.
O ser humano sempre precisou de marcos para organizar o caos do tempo. Os nossos ancestrais celebravam os solstícios e as colheitas, enquanto hoje celebramos o fim de um ciclo anual. A passagem de ano funciona como um pequeno intervalo no jogo da vida, um breve instante onde o passado se encontra com o futuro. Não é o virar de uma página qualquer, é o reinício de um capítulo que acreditamos poder escrever melhor.
Nos Açores, onde o isolamento geográfico se combina com uma forte conexão ao oceano, este momento carrega um simbolismo ainda mais profundo. As festas e os brindes entre família e amigos falam de renovação, mas também de resiliência. A economia pode apresentar desafios, as questões sociais podem exigir atenção, as maleitas podem permanecer, mas o espírito açoriano é de adaptação e persistência.
Olhando para 2025, é impossível ignorar os desafios que a região enfrenta: a sustentabilidade económica, a dívida galopante, a preservação ambiental, as carências das infraestruturas, o baixo nível de qualificação e a elevada taxa de pobreza continuam a ser questões centrais. Mas o espírito açoriano, que, ao longo dos séculos, enfrentou erupções vulcânicas, sismos, tempestades e a distância do continente, sempre encontrou uma forma de transformar dificuldades em oportunidades.
Cada ilha, com as suas peculiaridades e ritmos próprios, oferece um cenário singular para reflexões. O som das ondas que quebra no calhau é um lembrete constante de que o tempo não para, mas sempre dá espaço para novos começos.
Se há algo que une todos os povos na celebração do ano novo é a esperança. É o momento em que os desejos tomam forma, os sonhos são renovados e o que parecia impossível ganha novo fôlego. Também por cá isso é evidente nos jantares, nos fogos que iluminam o céu e nos abraços compartilhados à meia-noite.
O novo ano é um convite ao otimismo, à reinvenção e sobretudo à ação. Nos Açores, essa lição é particularmente importante. O arquipélago ensina-nos que, mesmo enfrentando adversidades, cada amanhecer traz a promessa de um mar mais calmo.
Que 2025 seja um ano em que saibamos, como Açorianos, como portugueses e cidadãos do mundo, valorizar as pequenas coisas que nos tornam grandes: a solidariedade, a capacidade de sonhar e a coragem de construir, dia após dia, uma versão melhor de nós mesmos e do nosso mundo. Afinal, o novo ano não é apenas um presente do calendário, é a oportunidade de sermos, finalmente, os autores do nosso destino.
Feliz Ano Novo e que o próximo ciclo nos traga marés de oportunidades e horizontes ainda mais vastos…
(artigo publicado na edição de 20 dezembro do Tribuna das Ilhas)
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