O início de um novo ano é um momento importante para fazer reflexões sobre como foi o anterior e ponderar sobre o ano que está a começar. Pretendo explanar alguns dos principais temas para os Açores em 2020, dos quais, três são incontornáveis em qualquer análise. Refiro-me às eleições legislativas regionais; à mobilidade aérea centrada na SATA e na sua situação financeira, bem como a atuação do novo CA na restruturação da empresa; e a aprovação na República da legislação para a gestão do mar dos Açores, com a possibilidade de transferência de competências para a Região.
Vou centrar-me nas eleições regionais, deixando o restante para próximos artigos.
De quem governa, como é normal, espera-se que canalize esforços para apresentação dos dados positivos da sua governação, a finalização de obras e aprovação de medidas ao encontro do eleitorado, tentando que temas com maior desgaste possam ter novos desenvolvimentos ou que arrefeçam, como é o exemplo da mobilidade dos açorianos dependentes dos problemas na SATA.
O PS sai à frente na grelha de partida, no entanto, como no Continente e na Madeira, o fim da maioria absoluta é cada vez mais uma possibilidade. Não pelo desempenho da oposição até agora, mas pelo normal desgaste associada à governação e a hipótese de fragmentação dos votos por (novos) partidos de oposição.
Na oposição o destaque tem sido os conflitos internos, apatia e erros de casting. Em suma, ausência de um verdadeiro projeto alternativo de governação.
O PSD, depois de uma liderança desastrosa, a nove meses das eleições tem finalmente um novo líder (transparecendo que foi quase forçado a avançar agora) e uma aparente união. Tem a difícil tarefa de criar em tempo recorde um novo projeto e dinâmica, lutando pela mobilização do eleitorado descontente e numas eleições bipolarizadas.
Novo líder mas as figuras nos lugares de destaque são praticamente as mesmas, mudando apenas lugares na hierarquia. O que torna difícil acreditar em novas ideias e resultados.
O CDS em clima de guerra civil interna, aguarda pela convocação do congresso adiado e pelo fumo branco a nível nacional. Estremado que está o diálogo interno, a cisão dificilmente será ultrapassada, sendo previsível algum desgaste no eleitorado por São Jorge ou Terceira, conforme a fação que sair vitoriosa.
O PCP nos Açores tem sido a face da falta de ânimo, estampado na maioria das intervenções do seu único deputado. O novo coordenador geral do partido afina também pelo mesmo diapasão. Veremos o que sai do congresso em Abril e se os votos nas Flores serão suficientes, porque o discurso é o mesmo mas os protagonistas tem menos impacto que os do passado.
O BE sem o carisma da anterior líder, conta mais com o efeito de destaque a nível nacional e com o voto dos mais jovens nos grandes centros regionais.
O PPM, para não variar, vai lutar no Corvo por 80 e poucos votos, o que tem permitido eleger um deputado. O programa e a ideologia aqui é insignificante, importando sim as promessas a cada família no porta a porta.
O grande fator de interesse será observar o fenómeno dos novos partidos e a luta no círculo de compensação. Nesse aspeto, realço a provável eleição do PAN, tendo em conta os resultados que obteve nas anteriores eleições regionais e os votos alcançados nos Açores nos últimos atos eleitorais.
Uma outra possibilidade será o CHEGA, se conseguir agregar uma parte do voto de protesto. Teoricamente, com o nível de demagogia que apresenta e não tendo nenhuma referência aos Açores no seu programa, estando inclusive contra os Açorianos no que concerne à lei para a gestão do espaço marítimo, seria suficiente para afastar essa hipótese. Mas pelo que se tem visto do seu eleitorado, tudo é possível.
Lá para o verão teremos as listas de candidatos, que ajudarão a clarificar estratégias nas diferentes ilhas. O tempo, esse, encarregar-se-á de revelar o resultado final.
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