Quero começar por parabenizar todos os eleitos na ilha do Faial nas últimas eleições autárquicas, com especial destaque para o grande vencedor, Carlos Ferreira e a coligação de direita que o apoiou. Desejo a todos que tenham capacidade e sucesso na difícil tarefa que têm pela frente.
Não faço parte daqueles que, no
passado, passavam atestados públicos de menoridade cívica e intelectual ao
eleitorado, por ter um sentido de voto diferente do seu. O Povo decidiu está
bem decidido. Uma diferença de 383 votos nas Assembleias de Freguesia, de 540
votos na Câmara Municipal e 799 votos na Assembleia Municipal deram uma vitória
em toda a linha à coligação liderada por Carlos Ferreira.
Um feito que merece ser
assinalado, tendo em conta um passado de 32 anos de poder autárquico socialista
no Faial. Há que compreender que 32 anos é muito tempo e em democracia a
mudança é salutar. Isto apesar de estarmos a falar de autárquicas, em que mais
do que a ideologia partidária, está em causa a personalidade e capacidade das
pessoas em causa.
Parece-me evidente que todo esse
tempo e consequente desgaste, foi um fator decisivo no desfecho final,
associado a outros fatores, dos quais destaco três:
1 -A mudança governativa do ano
passado, que recordo se deveu à eleição de 2 deputados de um partido de extrema
direita, que recentemente implodiu a sua direção a nível regional; associado à
incapacidade de coligações de esquerda a nível local.
2- Sucessivas falhas do PS-Faial,
que vezes sem conta caiu na jogada da oposição, aparecendo na “fotografia” da imprensa
como mais preocupados com o chumbo de frases que beliscassem a atuação do seu partido
e do então governo, do que efetivamente com os problemas em discussão.
3 –A imagem construída do candidato
vencedor ao longo dos últimos anos, em que, mesmo nas situações de ausência de
conteúdo ou soluções, conseguia passar o que as pessoas queriam ouvir. A forma astuta
com que foram colocadas as pedras certas em grupos de pressão cívica e órgãos
de comunicação social foi também uma preciosa ajuda. A imagem recente, leia-se o
“marketing político”, desenvolvido pela sua equipa de campanha. Foi evidente a
diferença, desde o slogan, os panfletos, a dinâmica e imagem nas redes sociais,
os soundbites, etc.
Reconheço o que de positivo vem
com a mudança, mas despindo qualquer camisola ideológica, continuo a achar que o
Faial teria mais força com Carlos Ferreira no Parlamento, agora que tinha um
lugar de destaque na política regional e no seio do seu partido e Governo. Se associarmos
a isso o relevo de Carlos Morais num sector fundamental que é o Turismo e
respetivas acessibilidades, facilmente percebemos que em ambos os sítios ficámos
órfãos de igual capacidade de persuasão e influência. Acresce a isso a experiência
autárquica e de gestão do candidato derrotado e o facto adquirido que,
obviamente, seria mais reivindicativo e acutilante com um governo de outra cor,
que o atual executivo camarário. Acredito que o somatório destas variáveis
seria mais positivo para o Faial nesta fase decisiva que passamos. O que não
invalida que o novo caminho também o seja, mas será porventura mais moroso ou
conivente.
É certo que o novo executivo vai
precisar de tempo para se inteirar de todas as novas tarefas e responsabilidades.
Executivo esse que não tem experiência em cargos autárquicos, exceção feita ao último
vereador eleito. São logo 6 a 12 meses de navegação à vista, que devem ser
minimizados.
E que aprendam com os erros do
atual Governo Regional, em que a expressão
"navegação à vista" seria apropriada para descrever a atual história
governativa se, nas sucessivas decisões, contradições, erros de casting e
anúncios, se vislumbrasse a vaga ideia de um rumo.
Desde o brutal aumento de despesa
com cargos de nomeação política, até às trapalhadas sem precedentes na
atribuição dos fundos europeus. Uma atribuição censurável por todos os sectores,
como é o caso das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e
Resiliência. Aguardemos ainda que este
novo elenco camarário não fique refém dos partidos de coligação e que não
prometa tudo a todos.
Por fim, o vencido e o partido
que o apoia, vão perceber agora com quem realmente contam.
Ao vencedor, que tome atenção aos
muitos que agora o rodeiam.
Termino com as palavras de Luís
Osório, “na política quando se assume uma
posição deve levar-se as consequências até ao fim. O mundo está cheio de gente
que gosta sempre de deixar tudo em aberto, o que abomino”.
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