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Autárquicas e “Silly Season”


Estamos a entrar na “silly season”, uma altura do ano de menor intensidade informativa dos media, não só por falta de assunto, passando a ser notícia temas ligeiros que normalmente não seriam objeto de atenção, como também pela falta de interesse demonstrada pelos cidadãos, mais interessados que estão nos banhos, nas noites quentes das festas de verão ou a aproveitar os dias de férias. 

Escrevia em maio passado que as eleições já mexem…mas não para todos. Na altura, apenas se conhecia 2 (óbvios) candidatos, José Leonardo e Carlos Ferreira. Se o primeiro demonstrava semanalmente a ação do executivo com promessas concluídas ou em fase de execução, bem como apresentando o que pretende para o futuro, o último aparentava um estado de “hibernação”, porventura estratégico, não apresentando uma única ideia concreta para o Município, apostando apenas no seu trabalho como deputado na fiscalização da ação do governo regional. De lá para cá (e escrevo este artigo a 4 julho) passaram-se 2 meses e ao contrário do que seria de esperar, pouco ou nada mudou.

A principal novidade foi o aparecimento de uma nova candidatura pelo PAN-Faial, tendo como candidato Hugo Rombeiro, um experiente ex-quadro do PSD e ex-líder da JSD-Faial. Quem nas últimas semanas centrasse o seu conhecimento pelo que lê na comunicação social, para além da ação do executivo camarário, ficaria com a ideia que o PAN é a única alternativa a quem está no poder, uma vez que é o único que apresenta propostas concretas, bem como uma lista de candidatos. 

De PCP e BE ainda não se viu fumo branco de candidatos, quanto mais de propostas. É, no entanto, esperada a candidatura de um membro da família Decq Mota pelos comunistas, surgindo o nome da diligente professora Paula Decq Mota como o mais falado para a renovação no partido. No BE, com a aparente recusa de João Stattmiller, tudo aponta que Mário Moniz possa ser o candidato a dar a cara. 

Da candidatura de José Leonardo, conhecidas que são as principais ideias e o trabalho desenvolvido, falta apenas confirmar se permanecem os atuais vereadores ou se vai ser necessário mostrar alguma “frescura”, com mexidas nos lugares elegíveis. 

Na comunicação social já foram divulgados os cabeças de lista do PS pelas freguesias, bem como a maioria dos do PSD, com uma aparente dificuldade em fechar nomes em algumas delas. A indefinição de Estevão Gomes na Praia do Norte pode bem ser a confirmação da vice-liderança à Camara Municipal, sendo também comentado o nome da professora Sandra Goulart como terceira candidata. Por todos já esperado é a coligação com o CDS, ficando em dúvida os lugares ocupados nas diferentes listas, fruto do resultado obtido por Rui Martins nas últimas legislativas.

Do novo candidato do principal partido da oposição, não se esperava conhecer já o programa eleitoral, mas já se justificava que nesta altura se conhecesse algumas propostas alternativas. De um novo candidato espera-se que demonstre o que pensa mas sobretudo o que pretende fazer diferente e como o vai fazer. Com um espaço de opinião neste semanário, Carlos Ferreira não tem apostado em apresentar propostas concretas para o Município, ficando pelas frases feitas e ideias generalistas por todos defendidas, que de tão repetidas já alcançaram o status de “lugar-comum”, deflagrando quase como que um mantra na política local. São disso exemplo uma “sociedade mais justa”, “consolidar o trail running”, “defender o Hospital da Horta”, “a defesa da nossa ilha”, “valorizar o triângulo, “a estratégia (…) que potencie o mar”, etc. 

Ficamos no entanto a saber que no mês passado foi levado a cabo um trabalho de levantamento de propostas, o “Fórum Cidadão”, que posteriormente vão ser apresentadas no decorrer deste mês. Agora que se iniciam as Festas no Triângulo, em plena “silly season”, é previsível que finalmente sejam apresentadas algumas propostas do principal candidato da oposição, ficando depois a marinar nas águas quentes do mês de agosto. Como já referiu Rui Gonçalves “ Às vezes, mesmo na política, fazer-se passar por morto pode dar muito jeito.” 

Bons banhos.

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