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PIB e Turismo sustentado nos números

Quem nos últimos tempos tem lido o que se tem falado sobre o Faial, fica certamente com a ideia que estamos progressivamente a entrar numa espiral recessiva.

Existem aspetos positivos e negativos, é assim com tudo na vida, mas estava quase a ficar convencido que estávamos a perder o comboio do crescimento e dos dados positivos que se têm manifestado com pujança no País e também nos Açores, tal era a quantidade de maus presságios em artigos de opinião nos jornais locais e nas redes sociais.

Como é meu hábito, principalmente quando vejo alguma coisa que me manifesta alguma surpresa ou dúvida, tento primeiro pesquisar e confirmar com alguma fonte fidedigna, antes de replicar ou tecer algum tipo de comentário.

Nem a propósito, estas últimas semanas têm sido férteis na apresentação de dados estatísticos. Cinjo-me aos mais recentes e importantes; o Produto Interno Bruto (PIB), e os dados do sector com maior destaque e crescimento nos Açores, o turismo.

O PIB é um indicador que revela a evolução do estado da economia e a produção de riqueza. O INE divulgou em dezembro 2017 os dados definitivos do PIB regional para o ano de 2015, o qual por sua vez foi desagregado por ilha e publicado pelo SREA no final do mês passado.

O PIB regional apresentou uma taxa de crescimento de 3,3% a preços correntes (3% a preços reais), sendo superior à média nacional. No ano em causa, 5 das 9 ilhas cresceram acima da média regional, com o Faial a ser a segunda que mais cresceu, com 8,8%, atingindo assim os 251,27 milhões euros. E não se trata de um aumento esporádico que tem como partida um valor menos bom, mas uma subida constante, uma vez que, analisando os dados dos últimos 5 anos, o Faial faz parte do grupo de ilhas em que o PIB mais cresceu, com 8,9%.

Como é fácil de compreender, fazendo a distribuição do PIB por ilha, São Miguel tem 57% da produção regional, apesar de ter vindo a perder ao longo dos últimos 5 anos a sua proporção no todo regional. Segue-se a Terceira com 22,1%, Faial com 6,56% e o Pico com 4,8%.

A desagregação por ilha do PIB de 2015 e a sua comparação com o ano anterior destaca o aumento do peso das ilhas Terceira (+0,6 p.p.) e Faial (+0,33 p.p) no todo regional.

No que toca ao turismo, já aqui expus que, no ano passado, o Aeroporto da Horta bateu o recorde do nº de passageiros, apesar das limitações conhecidas. Mas mais importante do que os passageiros são os dados de hóspedes e sobretudo as dormidas.

Recentemente causou algum burburinho o número de dormidas no Faial. Até pensei que estávamos em contraciclo com os aumentos registados nos Açores, mas afinal verifiquei que o problema era que o aumento era considerado fraco. Um crescimento de 1,1% face ao ano passado, atingindo as 104938 dormidas, mas bem abaixo da média regional, sendo novamente utilizada a comparação com a vizinha ilha do Pico, que cresceu 9,4%, apesar de obter um valor que é quase a metade do obtido no Faial (58227).

Acontece que os dados em questão referiam-se apenas à hotelaria tradicional, não contabilizando as dormidas no turismo rural (aumentaram 6,5%, para 10091), nos parques de campismo (aumentarem 76%, para 4084) e principalmente no alojamento local, que tem aumentado com os novos empreendimentos turísticos (mais 21,9%, para as 39266 dormidas). Somando tudo isto afinal o Faial aumentou 7,1% face ao ano passado, contabilizando um total de 158379 dormidas, sendo este o melhor resultado de sempre. E para os que sistematicamente nos comparam com o Pico, podem verificar que o aumento foi superior aos 4,7% ali registados, fruto da redução de dormidas no turismo rural e alojamento local.

Um dado importante a registar é que nos Açores o alojamento local foi de longe a tipologia que mais cresceu nas dormidas e nos hóspedes. O que vai ao encontro do registado no Faial, demonstrando assim que os nossos empresários estão a caminhar na direção certa.

No entanto, facilmente se percebe que ultrapassando os constrangimentos verificados nas acessibilidades aéreas, o futuro tem tudo para ser mais positivo.

Assim espero, mas sempre de uma maneira gradual e na aposta de um turismo sustentável.

(publicado no jornal Tribuna das Ilhas em 09/03/18)

Comentários

  1. Gostei! Já fazia falta alguém que aponte o que está bem e puxe o Faial para cima mas que sabe referir também o que está mal sem denegrir a nossa ilha. Nos jornais só temos os que estão na oposição a dizer que esta tudo mal e os que estão no poder a dizer que está tudo bem e o que não esta é culpa de outros.

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  2. a "sobrelotação" do Verão passado tinha de ter uma explicação....
    parabéns!

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