As eleições europeias realizam-se este fim-de-semana. Estas eleições têm, por regra, um elevado valor de abstenção, a nível europeu (57%), nacional (66%) e sobretudo regional (80%, tendo no Faial 73%). Mas este ano tínhamos reunido todos os ingredientes para que fossem umas eleições diferentes. Senão vejamos:
1 - A nível europeu temos o cavalgar frenético dos nacionalismos e populismos da extrema-direita xenófoba, que juntamente com o advento do Brexit, já seria suficiente para uma chamada de atenção para aos eleitores que defendem os pilares que estiveram na construção do projeto Europeu. Felizmente em Portugal não temos (ainda) nenhum partido relevante neste espectro político, mas temos alguns que se tendem a aproximar, tentando canalizar para si o crescimento do eleitorado nessa franja radical.
Nestas eleições é preciso ter consciência que as famílias políticas europeístas do PPE (partido popular europeu, onde se encontra PSD e CDS) e S&D (aliança de socialistas e democratas, onde se encontra o PS), que até aos dias de hoje têm assegurado uma maioria suficiente para progredir a integração europeia e o seu projeto social e económico, segundo as projeções conhecidas, vão perder essa maioria. E pior do que isso, vão perder essa maioria com o crescimento da extrema-direita nacionalista, populista e os eurocéticos, estimando-se que consigam quase ¼ dos lugares do Parlamento Europeu.
2- A nível nacional, depois de sentirmos na pele a importância da Comissão Europeia, no terrível tempo da Troika, seria de esperar que os portugueses quisessem deixar claro se querem dar mais força à família política do PPE (que engloba PSD e CDS), que apresenta como candidato à Presidência da Comissão Europeia alguém que afirmava “força máxima” nas sanções a Portugal ou a outras famílias politicas que defendiam a redução da austeridade a Portugal.
Não posso deixar de referir a fraquíssima campanha eleitoral interna, que se distanciou das questões europeias, ficando-se pelas tricas da política nacional e já focada nas legislativas do final do ano. A par disso o proliferar de minipartidos e sobretudo dos seus candidatos que, salvo raras exceções, são demagógicos, sem conteúdo, com argumentos patéticos e por vezes com dificuldade em elaborar uma frase com sentido.
3- A nível regional, temos o infeliz episódio da não existência de um candidato pelos Açores num dos mais importantes partidos do nosso sistema politico, o PSD. Uma desconsideração a todos os Açorianos, seja qual for a sua simpatia política. O desprezo foi tanto que chegou-se ao ponto de referir que os votos dos Açorianos eram irrelevantes e que bastaria que a deputada eleita pela Madeira tivesse um assessor Açoriano!
Com mais ou menos abstenção, julgo que a nível regional a resposta tem de ser clara para este tipo de afrontas ao povo Açoriano. Seja qual for o sentido do voto, só por manifesta clubite partidária é possível votar no PSD nestas eleições.
Face às posições dos candidatos Açorianos nos restantes partidos, é fácil de perceber que apenas o PS irá conseguir eleger um deputado eleito pelos Açores.
Importa perceber que o futuro dos Açores e do País dependem umbilicalmente do futuro da Europa. E o futuro da Europa dependerá da nova composição do Parlamento Europeu, que irá eleger os Presidentes da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu. E todos já sentimos a importância destas estâncias no nosso dia-a-dia.
É importante que se interiorize que a União Europeia é e será cada vez mais essencial para o nosso futuro coletivo.
Se tem dúvidas em como votar nas próximas eleições recomendo que utilize o site “euandi2019” e preencha o pequeno questionário, ficando assim a saber quais os partidos nacionais mais próximos das suas preferências.
Dia 26 de Maio exerça o seu direito e dever cívico de ir votar!
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