No passado dia 24 de Agosto, o Aeroporto da Horta celebrou o seu 48º aniversário. Corria o ano de 1971, quando o então Presidente da República, Américo Tomás, deslocou-se à ilha do Faial para a sua inauguração.
Foi preciso esperar quase 14 anos (5 Julho de 1985) para o 1º voo direto entre Horta e Lisboa, voo esse realizado pelo Boeing 737 “Ponta Delgada”, da companhia aérea TAP.
Passados 16 anos (24 Agosto de 2001), nova data digna de destaque, a remodelação da Aerogare, com a passagem para a categoria de Aeroporto Internacional.
Dezoito anos após a remodelação, cresce a ânsia de nova data histórica para o Aeroporto da Horta, a ampliação da sua pista, com o objetivo de eliminar restrições atuais e possibilitar a utilização de outro tipo de aeronaves, melhorando assim uma das suas principais características, a de acesso ao exterior da Região e principal porta de entrada no Triângulo.
Os últimos 4 anos têm sido demonstrativos do crescimento de passageiros no Aeroporto da Horta, assim como em todos os outros da Região, facto esse que está intrinsecamente ligado ao novo modelo de acessibilidades aéreas no Arquipélago, que teve o seu início no ano de 2015.
As comparações do antes e o depois são inequívocas e desconstroem a tese daqueles que afirmam que o novo modelo apenas favorece 2 ilhas e tem vindo a prejudicar as restantes.
No ano de 2014 foram transportados 174.940 passageiros no Aeroporto da Horta, no passado ano de 2018 esse número aumentou para 247.048, um aumento de mais de 41%, sendo dado já como adquirido que vai ultrapassar os 250 mil este ano.
Em 2014 foram realizados 1967 voos para o Aeroporto da Horta, em 2018 foram 2243 os voos realizados, um aumento de 14%.
Há no entanto um dado indesmentível. Verificou-se uma redução do número de voos diretos para Lisboa, que passaram 365 em 2014 para 323 em 2018, mas tal facto foi acompanhado por um crescimento acentuado de passageiros, que passaram de 71.305 em 2014, para 83.360 em 2018, na referida rota.
Resumindo, com menos voos por ano para Lisboa, conseguiu-se aumentar em 12.055 o número de passageiros nesses voos. E isto só foi possível porque a taxa de ocupação em 2014 na rota Lisboa-Horta-Lisboa rondava apenas os 59%, enquanto em 2018 a mesma passou para os 78%. E quando se grita por melhor gestão e eficiência na SATA, dificilmente se pode criticar estes números. Bom seria se outras rotas tivessem esta taxa para o exterior!
Mas não podemos olvidar um dado fundamental que as taxas anuais ocultam. No pico do verão os voos para Lisboa tem taxas de ocupação elevadíssimas e a companhia aérea não tem tido capacidade de acompanhar a procura, sobretudo para o Faial e Pico, nem de prestar um serviço com a regularidade que se impunha. E é ai que reside o problema, uma vez que a empresa só pode operar com 2 A320 no nosso aeroporto (desde Dezembro 2018 tem o outro A320 inoperacional). Uma frota curta, à qual se acrescenta os sucessivos problemas verificados nos aviões, tendo inclusive estado, durante um curto período de tempo, apenas disponível 1 A320 em pleno mês de Agosto. Se acrescentamos a tudo isso o facto deste tipo de aviões também ser utilizado para outras rotas, inclusive para a Europa, percebe-se a dificuldade que daí advém.
A prioridade do grupo SATA deve estar em servir os Açorianos, sobretudo quando sabemos da procura existente e da necessidade premente que existe na época alta para aeroportos como o da Horta e da dificuldade dos residentes em sair da ilha nos períodos em causa.
É por demais evidente a necessidade de, a curto prazo, alterar as obrigações de serviço público, para que outras companhias queiram voar para o Aeroporto da Horta, bem como, a médio prazo, o aumento da pista.
Esperamos que com o aproximar do meio século de vida do Aeroporto, o mesmo seja agraciado com as mais-valias que tanto ambiciona.
(Nota: Os dados apresentados podem ser consultados no site do SREA, as taxas de ocupação foram calculados utilizando a configuração 3 dos A320 da SATA - sem económica).
Artigo publicado na edição de 30-08-2019 do Tribuna das Ilhas.
Inauguração do Aeroporto da Horta |
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