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Fado positivo e debates políticos

1- O passado mês de agosto foi fértil em boas notícias para Portugal. A economia portuguesa não abranda e mantém um crescimento de 1,8% no 2º trimestre, demonstrando assim que conseguiu resistir à degradação da conjuntura internacional, estando em contraciclo com a Zona Euro. 

Se o futuro da economia mundial demonstra indícios de preocupação, os dados apontam que o nosso País está mais bem preparado para uma eventual turbulência. Apesar do impacto esperado, longe parece o tempo em que uma simples constipação na Europa era sinal de internamento nos cuidados intensivos em Portugal. 

A dívida pública atingiu mínimos de 2012, com uma queda para os 122,2% do PIB na ótica de Maastricht. E estes valores de endividamento já são contabilizados com a mudança metodológica a nível europeu, que levou a um aumento de 2,1 pontos percentuais na dívida pública portuguesa. Se o facto é de registar, o valor ainda assusta, reforçando a necessidade de políticas ponderadas e controlo orçamental. 

Outras das notícias positivas foi o valor do excedente da segurança social que subiu 426,2 milhões euros até julho, face ao período homólogo de 2018, atingindo assim os 1,16 mil milhões euros. Um contributo positivo para a redução do défice orçamental e para a consolidação das contas públicas.

Para tal contribuiu o maior crescimento das contribuições para a segurança social nos últimos 18 anos, refletindo assim a queda continuada do desemprego, o aumento do emprego e das remunerações e o dinamismo do mercado de trabalho. 

Positivo também é o valor da chamada “almofada financeira” da Segurança Social, criada para cobrir as despesas previsíveis com pensões, nomeadamente em períodos em que receita contributiva seja inferior à despesa. 

O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social ultrapassou, pela primeira vez, o valor de 20 mil milhões euros. Dito de outra forma, o esgotamento do fundo através de pagamento de pensões está assegurado até 2050. 

A finalizar Agosto, o artigo elogioso no jornal conservador que é referência internacional em finanças, o Financial Times. No seu editorial apresenta Portugal como um exemplo para a Europa, elogiando o nosso País e a “escolha de políticas acertadas “ do Primeiro-Ministro António Costa. Antecipando a vitória de Costa em outubro, assinala os desafios ainda pela frente e aconselha a continuar com “o caminho da prudência orçamental, mas sem a austeridade punitiva” do passado. 

2 - Sou um assumido apreciador das capacidades políticas de António Costa, mas ao ver o programa de entrevistas "Tenho uma pergunta para si" na TVI, com a candidata do BE, Catarina Martins, não tenho como não admirar as capacidades políticas e de argumentação que demonstrou. 

Não concordando com várias coisas do que disse, e sendo certo que não foi tão pressionada por questões do público, como é sempre quem governa, na minha opinião esteve melhor que os outros candidatos.

Já nos debates, e ao contrário de todas as eleições do passado, em que o debate entre PS e PSD era o mais importante, o que realmente levantava interesse este ano era entre PS e BE.

Isto porque é cada vez mais óbvio que é o resultado obtido por cada um destes 2 partidos (que tiram eleitorado um ao outro) que vai decidir a configuração da maioria parlamentar de apoio ao próximo governo. 

E se nas entrevistas individuais, Catarina Martins destacou-se, desta feita António Costa ganhou claramente o debate.

Num debate morno, em que existiu o cuidado de não ferir demasiado o adversário, António Costa ganhou o debate na explicação das suas ideias, e por ter estado melhor a demonstrar as incongruências do programa eleitoral da adversária.

Seja qual for o desfecho, esperemos que o fado se mantenha positivo, neste mundo cada vez mais mutável e turbulento

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