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Sei o que fizeste nos Verões passados…

O verão aproxima-se e os dados positivos da pandemia, em pelo menos 8 das 9 ilhas, associados ao crescimento acentuado do n.º de vacinados, apontam para um regresso da normalidade no que à economia do turismo diz respeito.
O crescimento de dormidas e passageiros, principalmente provenientes do Continente e uma marina/porto a transbordar de barcos, assim o comprovam.
As filas crescentes nos locais de testagem na nossa ilha e os comentários de empresários do turismo indicam que estamos a viver um tempo de retoma. Há poucos dias, uma reportagem da RTP-Açores fez eco disso mesmo, onde foi possível ver vários empresários Faialenses a falar de valores muito próximos ou idênticos a 2019 (pré-pandemia) e que, recordo, foi o ano com melhores indicadores para o turismo no Faial.
Uma escapadinha de fim-de-semana à ilha do Pico também me permitiu constatar a retoma de turistas, claramente visível nos restaurantes. Todos os que frequentei se encontravam-se à pinha e assisti a várias recusas.
Em conversa com alguns dos proprietários, um deles confidenciou que este mês de junho estavam a ter valores superiores a 2019, sendo a única diferença o tipo de turistas, que é predominantemente continental, jantando mais tarde e permanecendo mais tempo no restaurante. Uma queixa comum foi a falta de mão de obra qualificada, para fazer face à procura.
Assim, e também pelo aumento de saídas de residentes para o exterior, tem-se verificado um aumento de voos para vários destinos nos Açores.
Caso disso é o que se passa na vizinha ilha do Pico, que pela primeira vez na sua história vai ter 5 voos por semana para o Continente, o que é um facto digno de se registar e salutar, fruto do sentido de oportunidade e persistência das suas gentes, obtendo assim mais ligações do que tinham antes da pandemia.
Já no que toca ao Faial, vamos ter 1 voo diário por semana, reforçado no mês de agosto com mais um voo à sexta-feira. Fica assim o Faial com 7 voos semanais desde junho e 8 voos em agosto. Acontece que em 2019 o Faial era servido com 9 voos semanais desde junho e 10 voos semanais em julho e agosto. E aqui é bom recordar que os mesmos eram motivo de fortíssimas queixas, principalmente nas redes sociais e pelas diversas forças políticas.
Chegamos assim à conclusão que a retoma em pandemia serviu para retirar voos para o Faial, mas aumentar no Pico, quando ambas as ilhas estão a ter uma recuperação evidente dos seus números para o turismo.
Se num lado do canal é evidente que se consegue mais e melhor, por cá vejo um misto de regozijo por menos voos e a inação dos que antes eram os pontas de lança nas reivindicações. Por algum tempo pensei que tal se devesse à pandemia, mas as evidências recentes vieram desmistificar tal ideia, o que nos leva a questionar: O que mudou deste então?
Vejo comentários de satisfação com a postura do Governo que nem uma vírgula no seu programa tem sobre o Aeroporto da Horta, elogios e satisfação com o número de voos que nos desvalorizam face a outros destinos. Compreensão a palavras que anteriormente eram alvo de ofensivas implacáveis.
Se estamos a ter números próximo de 2019, mantendo-se os resultados positivos e o bom ritmo de desconfinamento e vacinação, por cá, e nos principais mercados emissores, para julho e agosto temos que lutar pelo que era reivindicado. O Faial não pode correr o risco de ficar para trás face a outras ilhas. É inadmissível que por cá haja quem defenda que devemos ficar à espera da procura para só depois disponibilizar lugares com 1 ou 2 semanas de antecedência.
Aproveito para recordar o que era pedido e aprovado por maioria em 2019 na Assembleia Municipal: “O grupo municipal do PSD insiste na reposição, no mínimo, das 14 ligações semanais diretas na rota Lisboa-Horta-Lisboa nos meses de julho e agosto”. Urge não perder o comboio, urge não deixar o Faial ficar atrás na retoma que se está a materializar.

(artigo publicado na edição de 18 de Junho de 2021 no Tribuna das Ilhas)

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