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Um pequeno grande acontecimento

Passo a passo, as Autárquicas tomam o devido destaque na opinião pública Açoriana.
Pelo Faial, os 2 maiores partidos já apresentaram os seus candidatos, José Leonardo pelo PS e Carlos Ferreira pelo PSD. Se a eles somarmos os óbvios candidatos do BE e CDU, chegamos à simples conclusão que nada mudou em 4 anos. Se no caso de quem vence é normal, já no que toca a quem perde é sinal de falta de vitalidade interna.
Quanto ao PS, não é difícil de prever uma técnica conservadora, sem grandes alterações nos lugares elegíveis à Câmara, ficando a lista entregue a nomes que já lá estão ou com tarimba em cargos de eleição/nomeação.
Estando o CDS e PPM coligados ao PSD, e não tendo a IL qualquer implementação no Faial, fica a faltar saber o que fará o CHEGA no espetro da caranguejola de direita que governa os Açores. Sendo fácil perceber que, ou apresenta um candidato medíocre na esperança de votos de fanáticos desatentos que pensam estar a votar em Ventura, ou apoia de algum modo a coligação de direita. Resta saber se Carlos Ferreira mantem também aqui o gosto pelo apoio da extrema-direita e a defesa do que representa, como o fez enquanto deputado.
Como novidade temos apenas o (possível) aparecimento de um movimento de cidadãos, autointitulado Somos Faial. Quanto a este movimento, e por respeito ao envolvimento cívico demonstrado e que deve ser realçado, vou por agora abster-me de desenvolver considerações de maior, aguardando novos capítulos daquilo que até agora aparenta ser uma “novela” com um único ator para todos os papéis.
Não existindo ainda listas e programas eleitorais, estando todos imersos na contagem de espingardas para as “cadernetas” que nos fazem chegar à casa, pouco ou nada havia a acrescentar.
Eis senão quando, um pequeno grande acontecimento vem mexer com a atualidade autárquica da nossa praça.
Lembrou-se o candidato do PSD-Faial de fazer a apresentação da sua candidatura em plena Assembleia Legislativa Regional, ladeado pela Troika Governativa.

Se o evento em si já era insólito e abusivo, caso único no País e creio que em toda a União Europeia, o que lá foi dito e a total secundarização do próprio candidato face às figuras de maior destaque, fez-me exclamar: “Isto não lembra ao Diabo!”.
O que dizer da visão de serviço público e cargo de deputado, proferidas por Artur Lima e Paulo Estevão, que consideram como um “conforto”, que assim o candidato abdica tornando quase um herói por se submeter ao risco de eleições!
Ainda hoje não percebo se tudo aquilo foi distração ou intencional. E se o objetivo da apresentação era destacar o candidato ou realçar a coligação dos 3 partidos para as autárquicas regionais.
Toda esta situação demonstra bem alguns tiques pouco aconselháveis.
O que se segue? A apresentação de um candidato no Palácio de Santana na sala de reuniões do Governo? E porque não no Solar da Madre de Deus, na sala do Representante da República?
O desconforto com o caso foi notório, sendo necessário a intervenção de um dos “spin doctor” do atual governo, que com uma espinha dorsal ideológica flexível, que vai da esquerda até um governo apoiada pela extrema direita, quis justificar o sucedido com uma situação do século passado, quando o PS utilizou as antigas instalações da então Assembleia, para realizar um congresso. Ora para além do mesmo ter sido aprovado por todos os partidos, esqueceu-se de dizer que o mesmo foi realizado quando já estava prevista a mudança das instalações para a atual Assembleia e que não existia no Faial, há 30 anos atrás, nenhum local com condições para tal. Mas mesmo que assim não fosse, um erro do passado não legitima erros presentes.
A cereja em cima do bolo foi a comunicação do responsável pelo espaço, a Presidência da Assembleia. Que mandou um subordinado assinar uma resposta que nem Pôncio Pilatos escreveria melhor.

(artigo publicado na edição de 4 de Junho 2021 do Tribuna das Ilhas)

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