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Transportes Aéreos - Onde há fumo há fogo

São vários os exemplos de “fumo” que estamos a presenciar, associados às acessibilidades aéreas e ao Aeroporto da Horta.

Se o aumento da pista parecia uma questão de timing e acerto de comparticipações, rapidamente percebemos que verbas regionais são apenas para a elaboração do projeto, e mesmo assim, os valores apresentados em orçamento foram nulos. Mas o pior foi a necessidade de se lançar a hipótese da redução da pista, em vez do seu aumento. O que na altura pareceu um simples disparate por parte da ANA, começa agora a fazer sentido, tendo em conta a possibilidade de ficarmos sem voos para Lisboa por imposição dos acordos de reestruturação da SATA.

Deliberadamente afastados de todas estas decisões e jogadas de bastidores têm andado os Faialenses, facto a que não será alheio os 3 momentos eleitorais dos últimos 15 meses.

Associado a isto temos o “fumo” dos cancelamentos constantes da SATA para o aeroporto da Horta. Cancelamentos relativamente aos quais é dito que são acordados com empresários das agências locais, sendo os próprios a anunciar e a justificar o sucedido nas redes sociais. Desconheço quem os elegeu para tal tarefa, e se é certo que têm conhecimento na matéria, também o é que são dependentes da única companhia aérea que viaja para o Faial para poderem trabalhar. Quanto muito auxiliavam quem os Faialenses elegeram, porque são esses a quem devemos pedir satisfações e responsabilidades.

Já perdi a conta aos cancelamentos deste ano, mas num espaço de 13 dias foram anunciados 5 voos cancelados, alguns com antecedência superior a 1 mês! Faz sentido cancelar voos por eventual pouca procura, quando sabemos que, na situação atual, a maioria não marca viagens com tanta antecedência?

Juntando a mirabolante hipótese da redução da pista e dos cancelamentos constantes, somos presenteados com a cortina de “fumo” do fim atabalhoado dos encaminhamentos gratuitos no transporte aéreo. Medida essa que penaliza fortemente todas as ilhas sem ligação ao exterior, bem como Faial, Pico e Santa Maria, que tendo voos para o exterior, não têm os preços low cost, nem a frequência e quantidade de voos que São Miguel e Terceira.
Ora como é sabido, o anterior modelo beneficiava todas as ilhas, porque os encaminhamentos gratuitos colocavam um passageiro em qualquer ilha dos Açores pelo mesmo preço. Algo que foi cortado sem apelo nem agravo e sem nenhuma alternativa apresentada.

Se associarmos a isto a suspensão simultânea do transporte marítimo de passageiros, está dado o mote para o fim da coesão regional e da máxima disparidade no que toca a acessibilidade e custos de viagem.

Estamos a aproximar-nos a passos largos para a Verão IATA e no que toca a acessibilidades estamos incomparavelmente pior do que estávamos anteriormente. Tudo isto com medidas implementadas unilateralmente pelo Governo Regional, sem terem ouvido as opiniões das diferentes ilhas e sectores.

O Governo veio agora dizer que vai estudar o assunto. Agora? Porque não apresentou as alternativas quando cortou as acessibilidades marítimas e aéreas? Será que há algo mais por trás desta história?

O fumo adensa-se quando esta semana o Incentivo noticiou: “Faial e Pico vão ficar sem voos para Lisboa por imposição da UE”.

Acredito que não, mas o que é certo é que todas estas notícias afunilam nos anseios daqueles que pretendem ser o polo distribuidor do grupo central, no que toca a acessibilidades.

São já demasiados fumos no horizonte para que não se possa gritar por FOGO!

Estranho a apatia com que tudo isto é levado por partidos políticos e forças vivas da ilha do Faial. É certo que já vi umas deliberações e propostas de discussão, mas achei pouco e num tom demasiado fraco ao que a gravidade da situação exige. Lamentavelmente, nem essas são aprovadas por todos cá na ilha.

Cabe a todos nós, Faialenses, fazer com que este fumo, cada vez mais nítido e atiçado por alguns, não se torne um verdadeiro e incontrolável incêndio de proporções gravíssimas para a nossa ilha e frágil economia.

(artigo publicado na edição de 18/02/2022 do Tribuna dos Ilhas)

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