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As diferenças no Aeroporto da Horta

Entre subidas galopantes de inflação e taxas de juros assustadoras, o que nos vai valendo é o ânimo dos resultados positivos e nunca antes vistos no turismo dos Açores, facto a que não será alheio toda a euforia pós-covid.

Se olharmos para os dados de agosto 2022 de passageiros desembarcados nos Açores, verificamos um valor de 259916, uma variação positiva de 29,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior e, principalmente, um aumento de 18% face a 2019 (pré-covid), até então o melhor ano para o turismo nos Açores. Os dados acumulados de janeiro a agosto confirmam também ambas as subidas.

O Faial, como as restantes ilhas, está com o turismo em alta, mas há um aspeto importante a considerar, relacionado com o nosso aeroporto e a sua operacionalidade.

Todos nos lembramos das ineficiências anteriores, das manifestações na rua, deste ser um tema central e constante em todos os atos eleitorais, e diria mesmo um fator decisivo da alternância política nas 2 últimas eleições.

Apesar de continuar a ser um tema relevante, está longe de o ser com a veemência do passado. Leio que o processo está a andar, que o Governo apoia, que a SATA está a fazer mais e melhor pelo Faial, que tem o apoio dos agentes locais, entre outras coisas mais.

Olhemos então para os resultados e comparemos os dados de janeiro a agosto de 2019 (pré-covid e do anterior governo) com os dados do ano atual, que como já referi é de recordes para o turismo nos Açores.

Se dissecarmos todos os dados na página do SREA, verificamos que de janeiro a agosto de 2019 tinham desembarcado no Aeroporto da Horta 88713 passageiros, sendo 32183 provenientes de voos com Lisboa, referentes a 238 voos.

No mesmo período no ano de 2022, desembarcaram na Horta 86883 passageiros (-1830), sendo 29485 (-2968) provenientes de voos com Lisboa, referente a 239 voos (+1).

Temos então como “melhoria” mais um voo para Lisboa e menos 2968 passageiros desembarcados. Continuamos com voos cancelados (com acordo) e com o espetáculo de múltiplos voos chegaram sem bagagem.

Se compararmos com uma realidade próxima à nossa, na vizinha ilha do Pico e no mesmo período, os voos para Lisboa aumentaram de 94 para 126 e os passageiros desembarcados de 13065 para 16429.

Em relação à ampliação da pista, já tivemos de tudo, desde levantar a hipótese de redução em vez da ampliação, até um “aumento” que ninguém ainda soube quantificar de quantos metros ou se será apenas as RESA (zona de segurança).

No passado, Vasco Cordeiro foi agressivamente frontal, defendendo o reforço da operacionalidade, mas que a ampliação da pista seria da responsabilidade do governo da República e que não seria com o dinheiro dos Açorianos que financiaria a obra. Algo muito bem aproveitado pelo então maior partido da oposição, que defendia um investimento tripartido, em que a Região devia contribuir financeiramente na ampliação que, como é sabido, não é propriedade desta.

Passado todo este tempo, tivemos em julho passado a Secretária dos Transportes a afirmar que a prioridade é a construção das zonas de segurança da pista (há muito tempo anunciado pela República) e a deixar para segundo plano o desejado aumento da mesma. Por outras palavras, deu a entender que a pista vai ser intervencionada apenas com as zonas de segurança exigidas até 2024.

Tal constatação deixou perplexo aqueles que acreditam num verdadeiro aumento da pista, levando à indignação pública, o que obrigou a um “esclarecimento” da governante. Realçou que a certificação da pista para 2024 era prioritária, que sempre defendeu o aumento da pista MAS que esta “é uma responsabilidade do Governo da República, que deve ser financiada por fundos comunitários do Governo da República”.

Na prática, o que difere isto das afirmações de Vasco Cordeiro?

Difere sim do que sempre ouvimos dizer, que esta devia ser “uma responsabilidade tripartida”, em que a Região deveria contribuir financeiramente na ampliação. Passadas as eleições ficamos a perceber que não passava de uma pequena contribuição para elaborar o projeto e não propriamente a obra em si. Já os resultados nas melhorias da operacionalidade estão à vista no desembarque de passageiros e voos para o exterior.

Mas se a estratégia resultou no passado, porque não resultará em 2024?

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