Avançar para o conteúdo principal

Velhos hábitos e factos despercebidos

Iniciámos 2023 da mesma forma que terminámos 2022, com muitas polémicas do foro político. Com as respetivas diferenças, tanto na Região como na República, são continuamente reportados casos e casinhos de natureza diversa. Uns que se depreende que são empolados ou sem razão de ser e outros que não lembram ao Diabo! Parece que a dita ética republicana anda pelas ruas da amargura, mas pelo menos por cá sempre fica em “família”…

Há quem diga que isto nunca esteve tão mau e os impropérios para a classe política atingem intensidades preocupantes, situação que apenas serve para favorecer as extremidades radicais do espectro político.

Mas será mesmo assim, ou não teremos agora uma opinião pública mais atenta, uma comunicação social mais arrojada (e também dependente de interesses económicos), bem como todo o impacto e rapidez das redes sociais?

Os saudosistas porventura esquecem que no antigo regime as coisas eram bem piores, não só por serem sempre os mesmos a ser favorecidos, mas pelo simples facto de que em ditadura, tudo era controlado e abafado, numa sociedade incomparavelmente menos informada do que agora.

Mas recuemos apenas algumas décadas. Será que já ninguém se lembra das derrapagens sem explicação no Centro Cultural de Belém? Da época das inaugurações antecipada das autoestradas com pagamentos acima do orçamentado que enchiam os bolsos aos empreiteiros?

Dos episódios das “mulheres do Cavaco” em que praticamente todas as esposas dos membros do governo eram nomeadas: destaco apenas as mulheres de Dias Loureiro, Luís Marques Mendes, Fernando Nogueira, Luís Filipe Menezes e Durão Barroso.

Quanto muito a novidade é que agora alguns dos casos são devidamente publicitados e divulgados em massa nas redes sociais, e nos casos em que existe fundamento, são investigados, passando algumas figuras de destaque à condição de arguidos.

Não será esse um exemplo da vitalidade da justiça, da importância do papel dos media e da força da sociedade civil?

E não serão todos estes casos um simples espelho da nossa sociedade? Quantos de nós propõe ou aceita acordos com empreiteiros com valores alterados para poupar nos impostos? Quantos já não compraram artigos ou necessitaram de prestação de serviços (de um jardineiro, canalizador, carpinteiro, etc) que são pagos por baixo da mesa? Quantos é que já não pediram a um familiar ou amigo uma atenção para o filho que está à procura de emprego?

É certo que o exemplo tem de vir de cima, mas o fim acaba por ser o mesmo. A verdade é que somos de tal forma um país de virgens ofendidas que em poucas línguas a expressão é tão popular como entre nós.

Mas deixemos a espuma mediática, para finalizar com factos que quase passaram despercebidos.

Apesar da guerra, da crise energética e da inflação galopante, terminamos 2022 com um dos melhores crescimentos económicos da história e o segundo maior da UE. Há poucos dias recebemos a notícia que Portugal registou a maior redução de sempre da taxa de risco de pobreza ou exclusão social, seguindo uma tendência dos últimos anos. Deixamos também de estar no triste pódio dos grupos de países com maior divida pública da Europa.

Nos Açores, infelizmente, aumentamos o fosso para a média nacional, tendo sido mesmo a região que mais aumentou o risco de pobreza com mais 3,2 p.p. Se associarmos a isso aos dados do Banco de Portugal em que os Açores registaram uma dívida recorde, ficamos com algo que a todos deveria fazer pensar.







Comentários

Top 10 dos artigos mais lidos

O Faial duplamente a ganhar

O “spinning” da informação

A Estabilidade Governativa

Autárquicas de corpo e alma

Um dia negro para os Açores

O infortúnio do Mestre Simão

“Pensar é difícil, é por isso que as pessoas preferem julgar”

Aeroporto da Horta - O antes e o depois

Pordata - O Retrato do Faial

Vox populi - Habemus Presidentum!