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O dia seguinte

As eleições nos Açores foram ganhas pela coligação PSD/CDS/PPM. Uma vitória não por maioria absoluta, como pediu o seu líder, mas por maioria relativa. Ao contrário das últimas eleições, uma vitória que permite ao partido mais votado governar, ou não tivesse a direita a maioria.
Há, contudo, dados interessantes a tirar destas eleições, se as compararmos com as anteriores.
A destacar a redução da abstenção. Votaram +11653 eleitores e foram estes eleitores “adormecidos” que sobretudo favoreceram o Chega com +5366 votos que nas últimas eleições, seguido pela Coligação com +5297 votos. O PS que tinha sido anteriormente o mais votado, curiosamente também aumentou o número de votos, com mais 837 votos.
Fácil é de concluir que a redução da abstenção, que em muitos casos é um eleitor descontente ou que estava desinteressado, favoreceu o Chega e a Coligação.
O Chega é o partido com maior subida de votos e o único que aumenta o número de deputados, passando de 2 para 5.
Os partidos da coligação ganham as eleições, mas ficam com o mesmo número de 26 deputados.
O BE foi o partido com a maior redução de votos (-1026) e perde um deputado.
O PS tem mais votos que 2020, mas perde desta vez as eleições e 2 deputados.
O PAN é outro partido que perde votos (-97) mas consegue manter o mesmo deputado pelo círculo da compensação, por apenas 84 votos de diferença da CDU.
Quem consegue também manter o seu deputado é a IL, que ainda conseguiu crescer com + 470 votos.
Já no que concerne ao Faial, os votantes também aumentaram (+522) e a coligação voltou a ganhar destacadamente. Mas ao contrário dos dados a nível regional, é o PS e não a Coligação ou o Chega, quem ganha mais votos em relação às últimas eleições. O aumento de votos no PS (+ 312) é inclusive superior à soma do aumento de votos da Coligação e o Chega (152+115=267).
Apesar do PS ser o partido que mais cresce no número de votos, fica a poucos votos de perder um deputado para a Coligação, mas o resultado final permanece o mesmo de sempre, com 2 deputados para cada um.
Aparentemente, o maior aumento de votos do PS no Faial é feito pela redução de parte da abstenção e pela queda de votos de partidos de esquerda, CDU e BE, que no total perderam 187 votos.
Sai destas eleições regionais que PAN e IL deixam de conseguir influenciar a Coligação, mas que esta fica dependente do Chega para conseguir governar.
Muito se tem falado da possibilidade do PS viabilizar a Coligação, mas julgo que quer o PS, quer o PSD, têm de ser sempre a alternativa de governo um do outro, e o principal partido na oposição. O dia em que isso não acontecer, o CHEGA passará a ser o principal partido da oposição e, como tal, a principal alternativa a ser governo.
Ao PS, como maior partido da oposição, pede-se que seja a alternativa democrática, não que fique subjugado ao partido de governo e a estratégias de outros paras as eleições nacionais.
Obviamente que em questões urgentes e em que estejam em causa princípios fundamentais se devem unir em pactos de regime, o que sinceramente não considero que seja agora o caso. Estou certo que depois das eleições nacionais existirá entendimentos entre o governo e o Chega, como existiu em 2020, para derrubarem o partido mais votado. E pontualmente até prevejo a aprovação de propostas legislativas pelo PS. Mas que será mais uma legislatura com muita instabilidade e com forte possibilidade de não chegar ao fim, isso tenho a certeza.





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