Escrever ou ler sobre as Agendas Mobilizadoras já irrita qualquer um, mas quando pensamos que este tema é chão que já deu uvas, somos sempre brindados com novos e tristes desenvolvimentos.
Já não bastava o rol de declarações na
comissão de inquérito, que demonstraram todo um processo seleto e opaco, onde a maioria não sabia o mínimo do
que se estava a passar, para agora termos a confirmação que não estamos “só”
perante um gravíssimo atraso.
Recentemente o Presidente da Estrutura
de Missão Recuperar Portugal, foi perentório ao afirmar que “não está prevista”
a reabertura de candidaturas e que o processo está a avançar, contrariando as
palavras do Presidente do Governo, que no ano passado, depois de uma chuva de
críticas, referia que as mesmas iam começar do zero, e que não se perdia 1
cêntimo!
O ex-ministro do Planeamento veio
também afirmar não ter dado qualquer garantia ao Governo que a Região
beneficiaria de 117 milhões de euros ao abrigo das Agendas Mobilizadoras, como
foi anunciado pelo Governo.
É certo que os 117 milhões (1% do
bolo) estão disponíveis para projetos da Região a candidaturas nacionais, no
âmbito do Plano e Recuperação e Resiliência, como se apressou a explicar o Governo, mas só
podem ser utilizados no acesso a apoios para descarbonização da indústria e
transição digital, caindo por terra os apoios à inovação empresarial, que
facilmente se depreende, são fundamentais para a nossa Região.
Estamos perante uma trapalhada que se
consubstancia numa ultrajante oportunidade perdida, para uma das regiões mais
necessitadas de apoio da Europa! Culpa de um governo que geriu todo este
processo de uma maneira leviana e inaceitável.
Foi também curioso perceber que
tínhamos Secretários que
constantemente apareciam a falar da
importância das Agendas e que depois em Comissão, referiram que nada sabiam
sobre os projetos nem dos montantes investidos,
e apenas se deram ao trabalho de assinar o papel que lhes passou pelas
mãos! A carta do gabinete do Secretário das
Finanças para a consultora, solicitando a participação da empresa gerida pelo
presidente da Câmara do Comércio de Ponta Delgada, demonstra bem como foi
gerido todo este processo.
Mas engana-se quem pense que este tipo
de trapalhada é exemplo único no que concerne a temas fundamentais para os
Açores. Basta ver o que se passou com o Programa Operacional e agora o caso da
proposta do novo Programa de Ordenamento
Turístico da Região Autónoma dos Açores (POTRAA). Uma proposta do governo que
tardiamente foi retirada, depois de apresentada e aprovada pelo Governo há 3
meses, com falhas evidentes e que levantou dúvidas e críticas dos parceiros
sociais e da sociedade civil. Mais
falhas, mais impreparação e mais atrasos em áreas fulcrais para o nosso
desenvolvimento.
A juntar a tudo isto, verificamos que mesmo
com a recente alteração de governo, continua a subserviência e os velhos hábitos, dos quais destaco o episódio do
saneamento do médico do Corvo, por substituição do médico candidato do PPM.
A frescura com que alguns querem fazer
crer que nada tem a ver com um saneamento político e interferência do PPM é de
tal ordem, que nos constipa a todos!
Mas isto está de uma maneira que, como diz a expressão popular, mais vale rir para não chorar. E nada melhor que citar a Tia Maria do Nordeste, que aplicando o respetivo sotaque, resume de uma maneira simples e engraçada, o atual estado da governação:
“Fico com a impressã que toda a gente
manda nesta regiã… Numa semana manda o Chega, na outra manda o Libaral, na
outra o Rei do Corvo, na outra é o Sr. Lima da Terceira, só o Dr. Bolieiro é
que nã tam uma semana pra mandar, porque na semana dele, manda a Dra Berta!...”
E Viva à Tia Maria do Nordeste que vai dizendo algumas verdades! ;)
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